Quimbanda (Macumba)
A Quimbanda, também
conhecida pelos leigos como macumba, é uma ramificação da Umbanda que pratica a
magia negra . Embora cultuem os mesmos Orixás e as mesmas entidades, se sirvam
das mesmas indumentárias, e tenham em seus terreiros semelhanças muito
marcantes tais como a presença de gongá repleto de imagens dos santos católicos
simbolizando os orixás, caboclos e pretos velhos, existem entre as duas
religiões diferenças fundamentais e decisivas. Uma delas é que na Quimbanda são
realizados despachos com animais como galos e galinhas pretas por exemplo,
pólvora, objetos da pessoa a quem se quer prejudicar, dentes, unhas ou cabelo
de pessoas ou animais. Estes despachos costumam-se realizar à meia-noite em
locais como encruzilhadas e cemitérios. Outra prática bastante freqüente que
também se encontra presente no vodu haitiano sob o nome de paket é o
envultamento. Este, diz respeito à construção de um boneco de pano ou qualquer
outro material, desde que pertencente à pessoa a quem quer se prejudicar, e a
seguir alfinetes ou pregos são utilizados para transpassar o corpo da imagem.
Os quimbandeiros
têm como ponto principal de seu culto a invocação de Exus que na Quimbanda são
considerados espíritos das trevas, uns já em estado de evolução, e outros,
denominados quiumbas, espíritos atrasadíssimos e que por isso também são
chamados obsessores. Existem muitos Exus: Exu das Almas, Exu Caveira, Exu das
Matas, Exu Tranca Rua. Existem de igual forma, Exus femininos, como é o caso de
Maria Padilha, Pombagira Mulambo, Cigana, entre outras. Uma das práticas mais
conhecidas da Quimbanda é a Gira dos Exus, ou Enjira dos Exus, cerimônia
realizada, via de regra à meia noite, na qual diversos Exus incorporam nos
médiuns e passam a dançar, beber, fumar, utilizando-se de uma linguagem
bastante grosseira.
Umbanda
A Umbanda é uma
religião resultante do sincretismo afro-católico-indígena que foi fundada em
Niterói, no Rio de Janeiro, em 1908 por Zélio Fernandino de Moraes. Este, após
curar-se de uma paralisia considerada pelos médicos como irrecuperável, foi
tomado por uma grande força espiritual, resolvendo a partir de então instituir
o culto. O Caboclo das Sete Encruzilhadas, entidade que presidiu a primeira
reunião, foi quem escolheu o nome Allabanda, que modificado posteriormente para
Aumbanda, que em sânscrito significa “Deus ao nosso lado” ou “o lado de Deus”.
Foi somente tempos depois, provavelmente por um erro de grafia, que o nome
passou a Umbanda. Para esta religião, como em muitas outras, existe uma Tríade,
constituída por Tupã, o Criador, Oxalá, o filho de Deus e Iemanjá, a deusa do
amor. Essas três entidades superiores são, respectivamente, derivadas do
sincretismo indígena, católico e africano.
A Umbanda trabalha
com sete linhas que são faixas de vibração espiritual a qual é representada e
chefiada por um orixá. Cada linha é subdividida em Falanges, que por sua vez se
subdivide em subfalanges, que se dividem em bandas. As bandas se ramificam em
sete legiões que se repartem em sete sublegiões e estas, por fim se subdividem
em sete povos. A primeira linha é chefiada por Oxalá e também é denominada
linha de Santo porque abrange os santos da Igreja Católica em geral. A segunda
é a linha de Iemanjá que engloba as ondinas, caboclas do mar e outras entidades
relacionadas à água. A terceira, do Oriente ou de São João Batista, é formada
por médicos, sacerdotes, hindus, etc. A linha de Oxóssi é a composta de
caboclos e caboclas, ou seja índios, e é comandada por São Sebastião. Na quinta
linha, a de Xangô-Agodô, comandada por São Jerônimo, trabalham Santa Bárbara,
caboclos e pretos-velhos.A sexta linha é a linha de Ogum ou São Jorge, que
lidera caboclos, pretos-velhos e soldados romanos.Por fim, a sétima linha é a
linha Africana ou de São Cipriano, onde trabalha todo o povo das Costa do
Congo, de Angola e de todo povo da África.
A Umbanda é uma
religião de culto material, baseada na mediunidade, na magia, com seus rituais
e liturgias próprias. Dentre estes destacam-se o ponto riscado e o ponto
cantado.O primeiro é a utilização de um desenho riscado com giz denominado
pemba pelos umbandistas, que dependendo da forma e da cor serve para chamar
determinada entidade ao mundo material. Já no segundo caso, que é uma espécie de
prece evocativa cantada, existem diversos tipos. Há os pontos de louvor,
utilizados apenas para homenagear determinada entidade ou abrir os trabalhos;
os pontos de descidas, cantados para chamar os orixás para que desçam para
incorporar o médium, e os pontos de subida entoados para a desincorporação. Os
médiuns são também denominados “cavalos” ou “aparelhos” e os cultos são
realizados em Terreiros ou Centros embora seja freqüente a realização de
oferendas nas florestas, praias e fontes de água.
A Umbanda obedece a
diversos rituais que, além dos já citados, incluem: os banhos de ervas,
considerados sagrados; defumações com incensos; o uso de velas e de bebidas
alcoólicas; e os famosos passes, onde o médium utiliza a fumaça de seu charuto
ou cachimbo e da imposição de suas mãos nas costas, na frente e nos braços da
pessoa, realizando movimentos de cima para baixo, no intuito de neutralizar as
más influências que porventura possa estar sofrendo o indivíduo.
Candomblé
É um culto
afro-brasileiro.Há muitos tipos de candomblés, que perpetuam tradições
diferentes,graças à influência das diversas nações africanas, representadas no
Brasil pelos negros que aqui aportaram à época da escravatura. Dentre todos os
Candomblés existentes, o de Angola, de Caboclo, do Congo, de Quêto e de Ewe, é
o do rito Nagô que atualmente se destaca e predomina dentre todos os outros e é
por esse motivo que foi o escolhido para ser abordado aqui.
Das centenas de
Orixás existentes inicialmente na África Negra, somente alguns subsistem hoje
no candomblé brasileiro:Oxalá, Nanã, Iemanjá, Xangô, Ogun, Iansã, Oxum, Obá,
Oxóssi, Oxumarê, Omolu-Obaluaiê, Euá, Iroko, Logunedé, Ossâim, Ibêji, Ifá,
Baiani e Exu, aos quais é dedicada, em datas específicas uma festa especial. A
primeira etapa da cerimônia em homenagem a um Orixá consiste do sacrifício.No
sacrifício, mata-se um animal de duas ou quatro patas, que pode ser galinha,
pombo, cabra, bode, carneiro, porco, galo, tatu, cágado, variando também a cor,
branco ou preto, dependendo da preferência do deus que está sendo homenageado
na cerimônia. A matança é realizada por um sacerdote denominado de achôgun ou
achégun, que, na verdade precisa sacrificar dois animais, já que durante o
ritual serão realizadas duas oferendas uma dedicada a Exú, e outra ao santo
celebrado na ocasião.
O achôgun precisa
seguir com meticulosidade e precisão determinados rituais, porque sem eles,o
sacrifício e a oferenda, etapa seguinte da festa, perderiam por completo seu
valor, não sendo aceito pelos deuses.A seguir, o animal sacrificado, vai ser
preparado pela cozinheira, iyá-bassê ou abassá que também preparará as outras
iguarias preferidas para os demais orixás que participarão da festa.
Dessa forma, a
moela, fígado, coração, pés, asas, cabeça e o sangue do animal sacrificado são
destinados ao santo da festa e, para xangô, o amalá, para Oxun, o xinxin de
galinha, e assim por diante.Os fetiches, que são as pedras sagradas,
consideradas como residência temporária dos deuses, precisam também receber
oferendas e alimentos para que a força dinâmica e o poder dos orixás possa ser
neles fixada.A esse processo de firmação das energias dos deuses dá-se o nome
de assentamento e é justamente com esse intuito que são depositados juntos aos
objetos mágicos a parte que restou do animal sacrificado e que não foi utilizada
no preparo para a oferenda dos deuses.A terceira etapa, o padê de Exú, é sempre
realizada à noite e coincide com o momento em que a cerimônia se torna pública,
pois até essa etapa do ritual somente alguns integrantes da seita são
autorizados a assistir.No padê pede-se a Exú, considerado um mensageiro, um
intermediário entre os deuses e os homens, que vá levar aos orixás o chamado
dos homens.É por esse motivo, que essa fase da cerimônia também recebe o nome
de Despacho de Exú onde além dos cantos e danças, é realizada a oferenda a de
um animal de duas patas que já foi morto e preparado anteriormente.
Feito isso, se
inicia o toque dos tambores, rum, rumpi, e ié, que, juntamente com os cânticos
característicos de cada entidade, também denominados pontos de chamada, invoca
os Orixás para que desçam ao terreiro e incorporem nos médiuns, que no
candomblé e na umbanda recebem o nome de “cavalo”.Os Orixás descem obedecendo
uma ordem fixa e pré determinada denominada de xirê.A cerimônia prossegue com
todas as entidades reunidas, dançando e, eventualmente dando conselhos até que
se iniciam os cânticos de unló,isto é, os pontos que solicitam que os Orixás
desçam de seus cavalos e voltem para o mundo astral.O chefe do terreiro
chama-se Babalorixá se for homem e Ialorixá se for mulher.
A confraria do
candomblé é formada também pelos filhos de santo e pelos ekedy ou ogan.Estes se
referem à moça ou o rapaz que formam o conjunto de pessoas que participam das
cerimônias como auxiliares dos filhos de santo e que, portanto, não podem cair
em transe.Já os filhos de santo, são na maioria das vezes mulheres, também são
chamadas de iaô e têm a função de incorporar as entidades.Para se tornar uma
iaô, é necessário se submeter a um longo e complexo ritual de iniciação que
começa com a tiragem dos búzios para saber a que santo pertence a pessoa,
passando pela manifestação do orixá, raspagem dos cabelos, banho com as ervas
do santo, corte no alto da cabeça (cura), banho de sangue animal e outros
procedimentos que duram em torno de três meses.
Orixás
São divindades
originárias da região de Yorubá, África Ocidental, que atuam como intermediárias
entre Olórun, o Deus Supremo dos iorubá e os homens.Na África eram em número
superior a 200, mas no candomblé ficaram reduzidos a 16 e na Umbanda a cerca de
8.Dentre eles, destacam-se Oxalá, Iemanjá, Nanã, Xangô, Iansã, Oxum, Ogum e
Oxóssi. Oxalá é o deus da vida, uma das divindades superiores que compõe a
Santíssima Trindade como filho do Criador, Olórum, o Deus supremo.Nesse
sentido, é também denominado Obatalá.Rei dos Orixás, preside a regeneração, a
transformação e o aperfeiçoamento.Sincretizado como o Sr do Bonfim, este Orixá
é representado em duas formas:Oxalufan e Oxaguian.Oxalufan é o Oxalá velho,
bondoso, que o peso dos anos fez com que suas costas se curvassem.Oxaguian é o
Oxalá guerreiro,cheio de vitalidade, símbolo da mocidade, às vezes sincretizado
como Menino Jesus.Sua indumentária é saia e blusa branca, coroa de rei,
corações prateados pendurados na cintura.Sua comida é ebô de milho branco e
acaçá insossos, pois este Orixá não come sal.Seu dia é a sexta-feira, seu dia
de festa, 29 de junho e sua saudação Epa Babá.
Iemanjá, cujo nome
significa “mãe cujos filhos são peixes ” é a rainha das águas.É conhecida
também pelos nomes de Janaína, Sereia do Mar e Princesa de Aiucá. Orixá de rios
e correntes, é considerada também como responsável pela gestação e procriação.É
uma das três divindades da Santíssima Trindade da Umbanda.Devido ao
sincretismo, foi associada a N.S. da Conceição e N.S. da Glória, entre outras,
e o dia consagrado a ela é 8 de dezembro, se está sincretizada com a primeira
santa, ou 15 de agosto, se está associada à segunda santa. Entretanto, na
umbanda também é costume homenagear Iemanjá na virada de ano, sobretudo nas
cidades à beira mar como Rio de Janeiro e Santos e Niterói.Sua saudação é
Odôiá.É representada com saia azul e blusa branca com coroa na cabeça.Sua
comida preferida é o ebô de milho branco com mel, arroz, angu, peixes brancos,
etc.
Nanã é também
conhecida pelo nome de Nanã Burukê.É a Orixá mais velha, que, dentre as orixás
femininas é a mais respeitada e a de maior conhecimento.É relacionada à chuva,
à lama, mantando também associações com a morte.Saudada com a expressão Salubá,
seu dia da semana é terça feira e seu dia de festa é 26 de julho, pois
sincretiza-se com Sant’Ana.É representada com indumentária branco e azul escuro
ou roxo e sua comida preferida é o anderé, milho branco, inhame, arroz, etc.
Xangô é um dos
filhos de Iemanjá e marido de Iansã, Obá e Oxum. Orixá forte e poderoso, é
viril e atrevido e, como é sincretizado como São Jerônimo, amante da justiça.Governa
o raio e o trovão e talvez seja por isso que a indumentária que o representa
seja feita nas cores vermelho e branco.Além disso, leva na mão um machado de
cobre denominado oxê.Seu dia de festa é o dia de São Jerônimo, 30 de setembro,
seu dia da semana é quarta-feira, e sua comida favorita, caruru.É saudado pela
expressão Kauô Kabiecile.
Iansã divindade
feminina de temperamento dominador e apaixonado é considerada guerreira por
causa de sua grande coragem.Uma das esposas de Xangô é rainha dos ventos, dos
raios, dos trovões e do fogo. É o único orixá capaz de enfrentar e dominar os
eguns, ou seja, os espíritos e almas dos mortos que voltam à Terra em
determinadas circunstâncias.É representada vestida de saia vermelha ou vermelha
e branco com muitos acessórios e adereços vermelhos além de espada de cobre,
sua comida é o carajé, amalá, arroz, milho branco e feijão fradinho.Seu dia da
semana é quarta-feira, sua saudação Epahei!.Considera-se o 4 de dezembro como o
seu dia de festa de Iansã que foi sincretizada com Santa Bárbara.
Oxum é Orixá
feminina das águas doces, uma das esposas de Xangô.Exerce o poder da
fecundidade e é responsável pelo sucesso ou não dos empreendimentos.As mulheres
costumam invocá-la para resolver suas questões sob o apelido de “Minha Mãe
Feiticeira”.É vaidosa, ciumenta e gosta de ser presenteada com perfumes e
bijuterias.Sua festa depende do santo sob o qual é sincretizada:N. S. Das
Candeias, na Bahia o dia é no 2 de fevereiro e N. S Conceição, no Rio de
Janeiro é no dia 8 de dezembro.Suas vestes são da cor amarelo e branca, com
pano amarelo às costas, segurando nas mãos uma espada e um abebé de latão.Seu
dia é sábado, sua comida favorita o omolucum e sua saudação Eri ierê ô.
Ogum é um Orixá
masculino, que governa a guerra, as armas, as demandas e os
metais.Sincretizou-se com São Jorge no Rio, onde é festejado no dia 23 de abril
e com Santo Antônio na Bahia, sendo ali sua festa realizada em 13 de
junho.Veste calça e saia azul escuro, capacete e espada de metal, seu dia da
semana é quinta-feira.Adora feijões preto e fradinho, inhame e acarajé.É
recebido pela expressão Ogunhê.
Oxóssi é o orixá da
caça que chefia a linha de caboclos e caboclas, entre eles Urubatá, Araribóia,
Caboclo das Sete Encruzilhadas, Cabocla Jurema, etc.Ele é símbolo da vegetação,
protetor das causas difíceis, guardião dos alimentos e remédios.No Rio de
Janeiro e Porto Alegre é sincretizado com S. Sebastião e festejado por isso em
20 de janeiro;na Bahia é sincretizado com S. Jorge, cujo dia de festa é 23 de
abril.Seu dia da semana é quinta feira, sua comida predileta o axoxó, feijão
fradinho torrado, inhame e arroz.Sua roupa é azul e verde no candomblé e na
Umbanda verde.Usa ainda um capacete de metal prateado, couraça prateada e na
mão leva um arco e flecha denominado ofá além de um iruquerê, espécie de cabo
de madeira, osso ou metal com uma cauda de cavalo presa.É saudado com a
expressão Okê.
Fonte: CACP