http-equiv='refresh'/> ESPÍRITA NUNCA MAIS

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Os perigos da adivinhação

“Quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Deus os lança fora de diante de ti.” [Deuteronômio 18:9-12].
Recentemente, fui convidado a pregar em um seminário. Antes da reunião, almoçei com alguns professores, um dos quais tinha trabalhado por muitos anos como missionário em Taiwan. O ex-missionário contou a seguinte história que ilustra a realidade do mundo espiritual:
Um menino de doze anos em Taiwan estava tendo algumas experiências estranhas. Ele tinha a impressão que alguém sempre o estava seguindo mas quando ele se virava e olhava para trás, não via ninguém. Algumas vezes na manhã após uma noite de sono ruim, ele se sentia machucado e disse aos seus pais que alguém tinha batido nele à noite, enquanto ele dormia. Os pais do menino o levaram aos médicos, mas estes não conseguiram encontrar nada de errado. Finalmente, os pais o levaram a um vidente cego – que tinha a reputação de conseguir sentir o mundo espiritual.
O vidente disse ao menino e aos seus pais que havia um irmão gêmeo e que a outra criança tinha morrido ao nascer. Isso, é claro, era do conhecimento dos pais, mas poucas pessoas sabiam sobre o fato, pois a família o mantinha em segredo. O vidente também disse que os problemas do menino eram causados pelo espírito do irmão gêmeo falecido, que estava com raiva por ter sido negligenciado. Os pais não o estavam venerando com fidelidade e provendo para ele no mundo espiritual. Portanto, o espírito dele os estava punindo e assediando o filho deles (o irmão gêmeo sobrevivente) . A solução era erguer um altar para o espírito do falecido, venerá-lo com alimentos e com incenso, e queimar notas de dinheiro em seu favor. Quando a família fez isso, conforme as instruções, as estranhas experiências do menino cessaram.[1]
Alguém pode perguntar: “Como isso pode ter funcionado?” A resposta é que Satanás tem boas razões para fazer isso funcionar. Os espíritos que estavam atormentando a criança estavam fazendo aquilo que os espíritos malignos gostam de fazer. O vidente estava conectado com o conhecimento espiritual real. Os espíritos contaram ao vidente a respeito do irmão gêmeo. Os espíritos deram ao vidente a “prescrição” e os outros espíritos pararam de atormentar porque com isso, fizeram com que toda a família imergisse nas crenças animistas da adoração aos espíritos. Imagine quão sólidas serão as crenças deles e quão difícil será para eles se converterem a Jesus Cristo. A adivinhação e o espiritismo funcionam – isto é o que torna o perigo tão grande. As enganações que não funcionam têm vida curta.
A Natureza e História da Adivinhação
O erudito em Antigo Testamento Eugene H. Merrill dá uma definição geral da adivinhação: “A frase ‘praticantes de adivinhação’ refere-se geralmente a todo o conjunto de meios de se obter conhecimento dos deuses, independente de qualquer técnica em particular.” [2]
Aqui está outra definição: “A prática de tomar decisões ou predizer o futuro por meio da leitura dos sinais e dos presságios.” [3]
Todas as sociedades pagãs, antigas e modernas, praticam a adivinhação. As pessoas nessas sociedades sabiam que viviam em um mundo de ‘deuses’ e de seres espirituais e que precisavam de meios de obter informações sobre os espíritos que supostamente criavam o bom e o mau destino. Várias técnicas
foram desenvolvidas para obter esse conhecimento. Nâo há limite lógico para a variedade de técnicas que podem funcionar. Essas técnicas persistem porque funcionam com alguma precisão e os espíritos estão mais do que dispostos a fornecer suas informações enganosas.
Existem categorias de adivinhação que foram muito comuns no mundo antigo. A prática da astrologia surgiu porque os planetas eram anomalias no sentido que seguiam um curso diferente do movimento das estrelas. As pessoas costumavam examinar o fígado ou as entranhas dos animais para obter informações dos deuses. Isso é mencionado na Bíblia. “Porque o rei de Babilônia parará na encruzilhada, no cimo dos dois caminhos, para fazer adivinhações; aguçará as suas flechas, consultará as imagens, atentará para o fígado.” [Ezequiel 21:21] O que eles estavam procurando era encontrar anormalidades que pudessem ser lidas como presságios. As setas podiam ser derrubadas ou lançadas no chão e a direção ou padrão em que elas caíam podiam ser lidos como indicação de onde atacar. [5]
Nem todas as formas de adivinhação tinham que ver com a leitura de anomalias. Algumas formas eram modos de fazer contato direto com os espíritos. A necromancia é uma delas. “A necromancia, a consulta dos espíritos dos mortos (Levítico 19:31; Isaías 8:19 e 19:3) é um modo de obter conhecimento prévio de uma fonte sobrenatural que era ilícita entre os judeus… mas lícita entre os outros povos.” [6] O que a adivinhação está sempre buscando é informações secretas, sejam do passado, do presente, ou do futuro.
A adivinhação está freqüentemente vinculada com a feitiçaria, os encantamentos, e outras práticas. Por exemplo: “E deixaram todos os mandamentos do SENHOR seu Deus, e fizeram imagens de fundição, dois bezerros; e fizeram um ídolo do bosque, e adoraram perante todo o exército do céu, e serviram a Baal. Também fizeram passar pelo fogo a seus filhos e suas filhas, e deram-se a adivinhações, e criam em agouros; e venderam-se para fazer o que era mau aos olhos do SENHOR, para o provocarem à ira. Portanto o SENHOR muito se indignou contra Israel, e os tirou de diante da sua face; nada mais ficou, senão somente a tribo de Judá.” [2 Reis 17:16-18]
A frase “fizeram passar pelo fogo a seus filhos e suas filhas” é também mencionada em Deuteronômio 18:10 junto com a adivinhação. É bem possível que no contexto isso se refira a uma forma específica de adivinhação, e não ao sacrifício de crianças. Possivelmente, era uma forma de adivinhação que envolvia a interrogação pelo fogo. A natureza exata da prática não é clara. Mas o que é claro é que era uma prática pagã associada com a adivinhação e que era proibida por Deus. Em muitas passagens, diversos termos intimamente relacionados são citados para mostrar que toda essa atividade é proibida. Por exemplo, falando a respeito do rei Manassés: “E até fez passar a seu filho pelo fogo, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro e ordenou adivinhos e feiticeiros; e prosseguiu em fazer o que era mau aos olhos do SENHOR, para o provocar à ira.” [2 Reis 21:6]
Existem algumas práticas que podem ser vistas como adivinhação em um sentido pagão, ou algo que Deus usa. Um exemplo disso é a interpretação de sonhos e outra é o lançamento de sortes. Há um termo técnico para a interpretação de sonhos que é descrito como segue: “Oniromancia, a interpretação de sonhos, é tolerada no Antigo Testamento (Gênesis 40:5-8; Daniel 1:17). As narrativas atribuem a interpretação completamente a Iavé, excluindo aqueles que eram treinados nas disciplinas da interpretação de sonhos (que era de enorme interesse no Egito e na Mesopotâmia).” [8] Na Bíblia, Deus forneceu a interpretação de sonhos quando quis a indivíduos específicos, como José e Daniel. A interpretação pagã dos sonhos era uma arte praticada como outras formas de adivinhação. Um sonhador de sonhos precisava ser julgado como um profeta, como veremos quando discutirmos Deuteronômio 13:1-5. Posteriormente, discutiremos o uso correto e incorreto dos sonhos.
A prática de lançar as sortes (fazer sorteios) para determinar a decisão do Senhor era permitida em certas circunstâncias. O urim e tumim no peitoral de Arão evidentemente serviam a esse propósito (veja Êxodo 28:30 e Números 27:21) A passagem a seguir mostra que Deus nem sempre respondia: “E perguntou Saul ao SENHOR, porém o SENHOR não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas.” [1 Samuel 28:6] Quando isso aconteceu, Saul afastou-se daquilo que Deus tinha ordenado: “Então disse Saul aos seus criados: Buscai-me uma mulher que tenha o espírito de feiticeira, para que vá a ela, e consulte por ela. E os seus criados lhe disseram: Eis que em En-Dor há uma mulher que tem o espírito de adivinhar.” [1 Samuel 28:7]
Qualquer um dos meios que Deus tinha prescrito, seja sonhos, profetas, ou o lançamento de sorte, poderia ser mal-empregado. Os meios que Deus forneceu no Antigo Testamento somente poderiam ser usados pelas pessoas que Ele realmente tinha chamado e do modo como Ele tinha prescrito. Posteriormente discutiremos os testes que o Senhor dá para determinar se essas pessoas são legítimas. Também é importante observar que todos os outros métodos da buscar informações espirituais são ilegítimos em todos os casos.
Por Que Deus Proíbe a Adivinhação?
A Bíblia proíbe a adivinhação porque ela envolve o desejo ardente de obter conhecimento secreto que Deus preferiu não revelar. “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” [Deuteronômio 29:29] Esse desejo de obter conhecimento proibido tem suas raízes no primeiro pecado do homem. “Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” [Gênesis 3:4-5] Satanás tentou Eva com um desejo de conhecer aquilo que Deus preferiu não revelar e assim transgrediu a fronteira entre o Criador e a criatura. Eva e depois Adão sucumbiram a essa tentação (Gênesis 3:6) A adivinhação é uma tentativa de obter conhecimento proibido.
Existem somente duas fontes legítimas de conhecimento que estão disponíveis para nós: 1) As coisas reveladas por Deus; 2) Aquilo que pode ser aprendido por meio da revelação geral. Aquilo que está revelado por Deus está contido na Bíblia. A revelação geral está limitada àquilo que pode ser aprendido por meio dos sentidos físicos e as implicações racionais daquilo que é visto na criação.
O que é proibido é a informação secreta, não disponível pelos meios comuns de aprendizado e não revelada por Deus. A adivinhação envolve várias técnicas para obter essas informações espirituais. Por exemplo, no caso da criança que foi levada ao vidente, tivesse havido um interrogatório e os resultados de cuidadosa investigação descoberto que a criança teve um irmão gêmeo que morreu, essa seria uma fonte legítima de informação. Que influência, se é que existente, esse fato exercia sobre a criança somente poderia ser discernido na medida em que a evidência e as implicações racionais pudessem fornecer. Entretanto, a informação do vidente, embora verdadeira pelo menos no que se refere ao fato da morte do irmão gêmeo, é ainda proibida porque veio por meio da adivinhação.
A ilustração do vidente mostra por que a adivinhação é proibida. Ela funciona por causa da operação de espíritos malignos. Os espíritos malignos estão dispostos a fornecer algumas informações factuais desde que isso sirva aos seus propósitos de contar uma mentira maior. A pessoas são sugadas para dentro do ocultismo por causa da exatidão da informação secreta que elas obtêm.
Já entrevistei pessoas que participaram de sessões espíritas. Em alguns casos, informações específicas eram dadas a respeito de um parente falecido que o necromante nunca tinha conhecido. Essas informações convenciam os clientes que eles realmente estavam contactando seus familiares já falecidos. Entretanto, os demônios têm essas informações e podem fornecê-las para fazer as pessoas acreditarem em uma mentira maior. Em alguns casos, a mentira é que o parente falecido está em um “lugar melhor”, apesar do fato de que nunca creu no evangelho. Isso perpetra a mentira que todas as pessoas vão para um lugar melhor e, portanto, não é necessário se arrepender dos pecados e crer no evangelho. Isso serve ao propósito dos espíritos enganadores que fazem a sessão espírita funcionar.
O que é importante ter em mente com relação à adivinhação é que há uma razão muito boa por que as pessoas em diversas culturas em toda a história humana a praticaram. Ela funciona! É isso que a torna tão sedutora. Afirmar ingenuamente que ela não é real e não funciona nunca fará as pessoas renunciarem à adivinhação. O que precisa ser conhecido é que esses métodos são proibidos porque dão acesso ao mundo dos espíritos. Esses espíritos não são seres do bem, embora queiram nos fazer pensar que sim. Eles são espíritos enganadores e praticam suas enganações há milhares de anos. O principal objetivo deles é evitar que as pessoas entrem em um relacionamento com Deus por intermédio de Jesus Cristo. Se eles não conseguirem impedir as pessoas de virem a Cristo, o objetivo secundário é enganá-las a adotar falsas doutrinas, desse modo distorcendo a compreensão delas da verdade revelada de Deus.
A Adivinhação é Rebelião
Considere o que o profeta Isaías teve a dizer: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.” O mundo obscuro do conhecimento espiritual secreto é caracterizado por “chilreios e murmúrios” não muito claros. Buscar essas informações secretas é o equivalente a deixar de consultar a Deus, que nos revelou Sua verdade de forma objetiva em Sua Palavra (a Bíblia). Aqueles que não estão satisfeitos com aquilo que Deus escolheu revelar vão para outras fontes espirituais. Isso, como veremos, é uma rebelião contra Deus.
Aquilo que os adivinhos fazem é proibido porque eles não falam em nome de Deus. Deuteronômio 18 contém uma lista das práticas proibidas:
“Quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Deus os lança fora de diante de ti.” [Deuteronômio 18:9-12]
O que Moisés diz mostra que essas práticas eram uma alternativa a ouvir os porta-vozes escolhidos de Deus. “Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o SENHOR teu Deus não permitiu tal coisa. O SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis.” [Deuteronômio 18:14-15] Moisés foi um legislador. O profeta que Deus levantou é Jesus Cristo [veja Hebreus 1:1-2; João 5:37-57; Atos 3:22-23]
Moisés foi aquele por meio de quem Deus outorgou a lei. Os profetas não faziam acréscimos à lei de Deus, mas a usavam para exortar e também profetizaram sobre o futuro. Eles especificamente profetizaram acerca do Messias, o profeta de quem Moiséis falou. De acordo com Hebreus 1:1-2, Jesus Cristo falou a nós nestes últimos tempos a plena e final revelação. Ir além daquilo que foi dado no Antigo Testamento e dito por Jesus Cristo e por Seus apóstolos no Novo Testamento é rebelião; é praticar adivinhação de modo a obter revelações espirituais sobre coisas que Deus não revelou.
Em 1 Samuel 15, Saul recusou-se a ouvir a Deus. Ele tomou os despojos que Deus disse para não tomar. Isto é o que o profeta Samuel disse ao rei Saul: “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.” [1 Samuel 15:23]
Aqueles que rejeitam a palavra de Deus são “adivinhos” no sentido que eles se recusam a reconhecer aquilo que foi revelado. Essa recusa é literalmente adivinhação, pois eles vão a outro lugar para obterem sua informação espiritual. Ou a pessoa ouve aquilo que foi objetivamente revelado ou busca informações do reino da adivinhação e do conhecimento secreto. Esse é o reino dos espíritos. O resultado da ação de Saul foi que ele logo passou a ser atormentado por um espírito maligno. “E o Espírito do SENHOR se retirou de Saul, e atormentava- o um espírito mau da parte do SENHOR” [1 Samuel 16:14]
Pode ser chocante saber que o espírito mau veio da parte do Senhor, mas isso é coerente com outras Escrituras que falam sobre o resultado de rejeitar a verdade. Aqueles que propositadamente vão para longe daquilo que Deus escolheu revelar colocam-se sob o julgamento da reprovação. Isso significa que Deus permite que eles sejam enganados.
“A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade.” [2 Tessalonicenses 2:9-12; ênfase adicionada]
Como Saul, os indivíduos enganados pelos sinais e maravilhas do Anticristo serão desviados por suas próprias cobiças. Os adivinhos e médiuns espíritas satisfazem a esses desejos e cobiças dos pecadores. Deus não envia a enganação diretamente, pois Deus não pode mentir, mas indiretamente, dando a Satanás a permissão de enviar espíritos enganadores para iludir as vítimas.
No texto grego original, a passagem em 2 Tessalonicenses diz: “para que eles possam acreditar na mentira”. O artigo definido é importante pois aponta para a mentira que Satanás contou no Jardim do Éden: “Sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.” A mentira aponta para o conhecimento oculto. Na forma mais simples, a mentira aponta para conhecimento secreto que Deus não revelou e a verdade aponta para o evangelho de Jesus Cristo. Aqueles que praticam a adivinhação estão se afastando do evangelho para aprender aquilo que Deus preferiu não revelar. Eles terminam iludidos pela mentira!
A Adivinhação e os Falsos Profetas
Balaão era um ocultista. Em Josué 13:22 ele é chamado de “adivinho”. Ele ia aos lugares altos para interpretar os augúrios. Ele cria nos augúrios. Sua fama em lidar com maldições espirituais era tal que o rei moabita Balaque estava disposto a pagar para que Balaão amaldiçoasse Israel. Sempre que mencionado na Bíblia, Balaão é condenado (a história de Balaão está em Números 22-24; ele é condenado em 2 Pedro 2:15; Judas 1:11 e Apocalipse 2:14.
Uma coisa que chama a atenção em Balaão é que embora ele fosse um falso profeta, fez uma profecia verdadeira significativa. Ele profetizou sobre a vinda do Messias! Ele disse: “Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo- ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel, que ferirá os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Sete.” [Números 24:17] Embora Balaão normalmente praticasse a adivinhação, o Espírito de Deus veio sobre ele. “Vendo Balaão que bem parecia aos olhos do SENHOR que abençoasse a Israel, não se foi esta vez como antes ao encontro dos encantamentos; mas voltou o seu rosto para o deserto. E, levantando Balaão os seus olhos, e vendo a Israel, que estava acampado segundo as suas tribos, veio sobre ele o Espírito de Deus.” [Números 24:1-2] Balaão abençou Israel embora tivesse sido contratado para amaldiçoá-lo.
Existem três testes para os profetas em Deuteronômio: 1) Se eles usam métodos proibidos então esses profetas são falsos. (Deuteronômio 18:10-12). Se fazem uma predição que não se cumpre, então esses profetas são falsos (Deuteronômio 18:22), e 3) Se fizerem uma predição verdadeira que levar o povo para longe da fidelidade a Deus, então esses profetas também são falsos. (Deuteronômio 13:1-5)
Dado o fato que Deus falou com e por meio de Balaão, como pode ele ter sido um falso profeta? Balaão falhou em dois dos testes dados em Deuteronômio. Ele era um falso profeta de acordo com Deuteronômio 18 porque usava métodos proibidos. Os israelitas estavam instruídos especificamente a não ouvirem a ninguém que praticava a adivinhação. Balaão também falhou no teste dos profetas dado em Deuteronômio 13.
“Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o SENHOR vosso Deus vos prova, para saber se amais o SENHOR vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma.” [Deuteronômio 13::1-3]
Um profeta pode fazer uma predição exata ou realizar um sinal que indicaria que ele tem o poder de Deus, mas mesmo assim levar o povo para longe da fidelidade à Palavra de Deus.
Embora Balaão não tenha amaldiçoado Israel por meio da adivinhação, ele ensinou o rei Balaque a levar Israel para o mau caminho, fazendo assim com que caísse sob maldição. Aprendemos isso no Novo Testamento. “Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem.” [Apocalipse 2:13] Mesmo sem ter amaldiçoado Israel, Balaão ensinou Balaque a fazer os israelitas caírem sob a maldição de Deus. Assim, ele levou Israel para longe da fidelidade à aliança com Deus, e falhou no teste de Deuteronômio 13.
Os falsos profetas estão vinculados com a adivinhação na seguinte passagem: “E disse-me o SENHOR: Os profetas profetizam falsamente no meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, e adivinhação, e vaidade, e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam.” [Jeremias 14:14] Esses profetas estavam dizendo ao povo aquilo que o povo queria ouvir, que o julgamento predito por Jeremias não se tornaria realidade. [Jeremias 14:15] Em pouco tempo ficaria provado que eles estavam errados. O ponto é este: O povo de Deus precisa saber distingüir entre os profetas e os adivinhos. O critério para fazer isso é objetivo, não subjetivo. Os falsos profetas eram adivinhos cuja fonte era subjetiva: “o engano de seu coração”.
O Verdadeiro Papel do Profeta
O verdadeiro profeta no Antigo Testamento exercia vários papéis importantes. Um deles era o de exortar o povo à fidelidade à Lei de Moisés, que continha os estatutos da aliança. Um tipo de material profético no Antigo Testamento chama-se “processo da aliança”. [9] O profeta listava os termos da aliança, depois trazia em testemunho a transgressão do povo e pronunciava o veredito. Os profetas não eram legisladores, mas exortavam o povo. Outro papel era o predizer o futuro. Os tópicos da predição deles incluia o futuro de Israel e seu relacionamento com as outras nações, profecias contra as nações, e os detalhes da vinda do Messias, o “profeta” de quem Moisés tinha falado. Os profetas também entregavam profecias específicas para os reis e davam orientações específicas em momentos cruciais na história de Israel.
Como vimos, se um profeta não pregasse a fidelidade à aliança, ele era falso, se não anunciasse com exatidão o futuro, então era falso, e se usasse técnicas proibidas, também era falso. Os verdadeiros profetas não eram praticantes de adivinhação. Eles foram chamados por Deus e inspirados pelo Espírito Santo. A fonte deles não eram técnicas especiais para sondar ‘o divino’ e obter informações secretas, mas Deus, que soberanamente falava por meio deles. Não havia uma técnica profética secreta que poderia ser ensinada aos outros. Como era a inspiração de Deus que lhes dava suas palavras, as palavras deles eram verdadeiras.
Os Meios Ordenados por Deus
Resta uma questão sobre as práticas que Deus permitiu que eram consideradas adivinhação quando usadas pelos pagãos. O conceito fundamental é se Deus ordena ou não uma prática. Por exemplo, quando os israelitas entraram na Terra Prometida e a conquistaram, a terra deveria ser dividida entre as tribos por sorte. Eis o que Deus disse: “Segundo sair a sorte, se repartirá a herança deles entre as tribos de muitos e as de poucos.” [Números 26:56] Josué 19:51 mostra que eles fizeram isso e dividiram a terra. Como Deus ordenou que eles lançassem a sorte para determinar a divisão da terra, quando eles fizeram isso, o resultado foi a vontade de Deus. Ele falou por meio do sorteio porque ordenou o uso nesta situação.
Houve outras situações em que o sorteio foi usado para tomar decisão. Algumas dessas incluíam casos criminais, indicação para um cargo, a divisão da propriedade, e a seleção do bode no Dia da Expiação (Josué 7:14 e seguintes; 1 Samuel 10:20; Atos 1:26; Levítico 16:10). O último uso do lançamento de sortes na Bíblia foi no livro de Atos, na escolha de Matias. Uma vez que o Espírito Santo foi dado, não há mais o uso do lançamento de sortes. O livro de Atos mostra que o Espírito Santo guiava os apóstolos à medida que eles tomavam as decisões. O fato que Deus ordenou o uso do lançamento de sortes no Antigo Testamento em certas circunstâncias não justifica seu uso para a adivinhação por qualquer pessoa e por qualquer razão. O uso ordenado foi cuidadosamente prescrito.
A interpretação de sonhos é outra prática que era comum entre os pagãos e algumas vezes permitida para o povo de Deus. Deus particularmente usou José e Daniel para interpretar os sonhos de reis pagãos que revelaram-se significativos para o futuro de Israel de seu relacionamento com as nações. Entretanto, como nas outras formas de profecia, nem todas eram válidas. Como vimos em Deuteronômio 13:1-5, um “sonhador de sonhos” poderia dar um sinal que se tornava verdadeiro, mas mesmo assim levar o povo para o mau caminho e promover a idolatria. O mesmo critério de julgamento para alguém que afirma ter tido um sonho dado por Deus, ou a interpretação de um sonho, aplica-se à profecia e aos profetas. Isso significa que eles precisam pregar e praticar a fidelidade à aliança e suas predições precisam ser totalmente exatas.
É também importante observar que a interpretação de sonhos não era uma técnica a ser aprendida. Nem todo os sonhadores eram de Deus e nem todos os sonhos eram necessariamente significativos. A soberania de Deus escolheu usar certos indivíduos para compreender os sonhos. Esses indivíduos não reivindicavam algum poder inato para saber o significado dos sonhos, que poderia ser usado quando quisessem. Conhecer o significado de certos sonhos era um dom que Deus concedeu, particularmente a Daniel (Daniel 1:17). Aqueles que usavam as técnicas de adivinhação para interpretar os sonhos fracassaram quando foram convocados para interpretar o sonho do rei. “Então entraram os magos, os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores, e eu contei o sonho diante deles; mas não me fizeram saber a sua interpretação.” [Daniel 4:7] Mas Deus deu a interpretação a Daniel. [Daniel 4:8 em diante]
Houve um grande problema com o uso falso dos sonhos durante o ministério de Jeremias. Por exemplo: “Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, profetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei.” [Jeremias 23:25]
Os falsos profetas tentavam ganhar legitimidade por meio de seus sonhos, embora estivessem se afastando da vontada revelada de Deus:
“Até quando sucederá isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que só profetizam do engano do seu coração? Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal. O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o SENHOR.” [Jeremias 23:26-28; ênfase adicionada]
Isso mostra que mesmo com aquelas práticas que Deus permite ou ordena, sempre precisa haver discernimento. O critério definido em Deuteronômio precisa ser seguido.
Em resumo, se uma prática é uma forma proibida de adivinhação, ela é sempre pecaminosa e nunca é um método “neutro”. Se uma prática é permitida ou ordenada sob certas circunstâncias, ela ainda precisa ser examinada. Até mesmo os meios prescritos por Deus podem sofrer abusos.
Os Meios Prescritos por Deus no Novo Testamento
Como vimos, Moisés profetizou a respeito da vinda daquele que falaria com autoridade da parte de Deus. O Novo Testamento afirma que esse é ninguém outro senão o próprio Jesus Cristo, como mencionado anteriormente. O próprio Criador, o Filho eterno, veio e falou de Deus em uma revelação plena e final. [Hebreus 1:1-2]. Os apóstolos escreveram os ensinos de Cristo no Novo Testamento. Aqueles que se afastam da fé são tão falsos quanto aqueles que afirmavam falar em nome de Deus nos tempos do Antigo Testamento mas se afastavam da Lei dada a Moisés.
Existem usos legítimos da adivinhação para o crente no Novo Testamento? Isso somente seria possível se Deus especificamente ordenasse certos métodos. Eu não vejo qualquer evidência de Deus fornecer aos cristãos no Novo Testamento métodos de adivinhação por meio dos quais Ele falará. O uso do sorteio em Atos 1 envolveu uma prática do Antigo Testamento. Não é dito se o uso do sorteio neste caso foi ordenado por Deus, o texto apenas diz que eles agiram assim. Além disso, após o Pentecostes, essa prática nunca mais foi repetida.
Existem sonhos e profecias mencionadas no Novo Testamento. Quando Pedro pregou no Dia de Pentecostes, ele citou o profeta Joel:
“Nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos terão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e profetizarão.” [Atos 2:17-18]
O ponto fundamental aqui é “sobre toda a carne”. Em vez de apenas certos indivíduos como os profetas que receberam o Espírito Santo, Deus irá agora, de um modo muito maior, habitar em todos os que crêem. O ato de “profetizar” não estará mais restrito a algumas poucas pessoas. Todos os tipos de pessoas receberão o Espírito Santo (jovens, velhos, homens, mulheres, escravos, livres, etc) e todos poderão profetizar. (1 Coríntios 14:24,31)
Que existem sonhos e profecias não é diferente, mas o propósito agora está restrito. Como já recebemos a plenitude da autorizada e divina revelação até que Cristo retorne, o propósito dos sonhos e profecias está restrito à orientação para “edificação, exortação e consolação” (1 Coríntios 14:3) sem ser acréscimo às Escrituras. Os sonhos e profecias estão sujeitos ao julgamento exatamente como no Antigo Testamento. Não existe a arte legítima da interpretação de sonhos no Novo Testamento. Nem no Antigo nem no Novo Testamento há um processo a ser aprendido para fazer de alguém um intérprete de sonhos.
Existem modos prescritos no Novo Testamento pelos quais o cristão cresce na graça e no conhecimento do Senhor: a Palavra (o estudo bíblico), as ordenanças e a oração. Além disso, a comunhão é um modo de toda a comunidade cristã compartilhar da graça que Deus nos tem dado. Se pela fé fazemos uso dos modos prescritos por Deus, temos a certeza que Cristo trará os benefícios da redenção ao Seu povo. [11] Como no Velho Testamento, afastar-se dos meios prescritos por Deus é colocar-se fora do alcance das bênçãos e da proteção de Deus. Da mesma forma como no Velho Testamento, até aquilo que Deus prescreveu pode sofrer abuso. Por exemplo, a Palavra pode ser mal-interpretada, o batismo pode ser visto como um modo de justificação separado da fé, a comunhão pode ser transformada em uma obra meritória, e a oração pode ser transformada em um processo místico para buscar novas revelações.
Não somente precisamos dos meios prescritos por Deus, mas precisamos fazer uso deles nos termos em que Deus estabeleceu.
A adivinhação sempre envolve uma ambição por obter conhecimento secreto. Os meios que Deus ordenou parecem mundanos e lentos para muitas pessoas. Elas querem uma experiência ou uma revelação especial que instantaneamente responda às suas questões, ou solucione seus problemas imediatos. Como Saul, que não estava obtendo uma resposta pelos meios prescritos por Deus e então consultou uma feiticeira, muitos hoje vão atrás das práticas proibidas. Eles dizem: “Tentei estudar a Palavra de Deus, orar e ter comunhão na igreja, mas isto não funcionou.” Assim, vão atrás de alguém que supostamente pode obter informações secretas de Deus para eles.
A adivinhação é atraente para as pessoas por duas razões básicas: temor e cobiça. Elas temem que não superarão suas feridas e então buscam informações secretas sobre seu passado. Elas temem um mau resultado e então procuram os presságios. Elas esperam encontrar um quebrador de maldições ungido para evitar um destino ruim. Elas ambicionam o sucesso e a riqueza nesta vida e então buscam informações secretas sobre o futuro. Elas imaginam que com a informação sobrenatural correta poderão ser bem sucedidas em tudo o que fizerem. Elas temem que os demônios estão impedindo que elas sejam felizes e então procuram informações secretas sobre os nomes e as funções dos demônios, esperando com isso escapar de seu estado de infelicidade. Como na história do vidente no início deste artigo, elas querem informações que as ajudem a solucionar seus problemas.
O que realmente precisamos é fazer uso continuamente dos meios da graça que Deus prescreveu para nós. Fazendo isso fielmente pela fé, teremos todas as bênçãos e benefícios que são prometidos nesta vida. Coloquemos de lado a ambição pelo conhecimento secreto e proibido e aceitemos que existe o sofrimento. A vasta arena do conhecimento espiritual que é desconhecida para nós precisa ser deixada dessa forma. Mas o que é conhecido é a vontade revelada de Deus e a alegria de vir até Ele em Seus próprios termos por meio do Messias Jesus. Há uma passagem com uma exortação e uma promessa: “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” [Hebreus 4:16] Deus honrará Suas promessas quando viermos a Ele em Seus próprios termos por meio do Messias Jesus.
As Falsas Reivindicações dos Adivinhos Cristãos
A adivinhação é qualquer técnica para a obtenção de informações secretas ou ocultas que não está prescrita nas Escrituras. A prática da adivinhação é pecaminosa e proibida. As pessoas que não querem estar restritas de usar as técnicas de adivinhação oferecem dois argumentos: “Os métodos são neutros” e “Deus pode usar qualquer coisa.”
A partir das Escrituras, mostramos que a primeira afirmação não tem fundamento bíblico. Os métodos não são neutros. Permita-me compartilhar um exemplo. A maioria das pessoas concorda que o Tabuleiro de Ouija é uma forma de adivinhação proibida para os cristãos. Mas e se alguém criasse um Tabuleiro de Ouija que fosse exatamente como um tabuleiro real, com a diferença que estivesse coberto com versos bíblicos. Duas pessoas poderiam colocar suas mãos no dispositivo apontador e permitir que forças quaisquer fizessem o tabuleiro “funcionar”, apontando para o verso apropriado. Isso, então seria interpretado como orientação de Deus. Isso pode parecer absurdo, mas é uma coisa logicamente válida se na verdade “os métodos são neutros”.
Na verdade, aqueles que usam a prática de fechar os olhos, abrir a Bíblia em uma página aleatória e apontar seu dedo para um verso qualquer de modo a obter direção estão usando uma técnica similar. Essas pessoas estão praticando adivinhação. Alguns métodos para obter conhecimento espiritual são prescritos por Deus, todos os outros são proibidos.
A afirmação que Deus pode usar qualquer coisa é enganosa. Embora tecnicamente seja verdade, ela é enganosa porque há uma distinção a ser feita entre o que Deus tem o poder de usar e o que Ele prescreve. Há também o fato que Deus pode usar alguma coisa que é contra sua vontade moral de modo a trazer o julgamento. Deus realmente usou a feiticeira de En-Dor, mas isso foi muito ruim para o rei Saul. Deus pode usar o mal para propósitos bons, mas é algo muito ruim para os praticantes do mal serem usados dessa forma. Outro exemplo encontra-se na seguinte passagem: “Porque Deus tem posto em seus corações, que cumpram o seu intento, e tenham uma mesma idéia, e que dêem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus.” [Apocalipse 17:17]. Deus usará a rebelião da raça humana durante a Tribulação para fazer a profecia ser cumprida, mas será algo muito ruim para aqueles que forem assim usados.
O que é verdadeiramente importante é que determinemos pelas Escrituras qual é a vontade de Deus e nos submetamos a ela. Conjecturar sobre o que Deus poderia usar é enganoso se terminarmos nos colocando sob julgamento por participar de algo que Deus poderia possivelmente estar usando. Deus usou o Faraó, mas isso foi algo ruim para ele e para todo o seu exército.
Conclusão
A adivinhação não é proibida porque não funciona, mas porque realmente funciona. Ela funciona de modo a colocar as pessoas em contato com as forças espirituais e com conhecimentos secretos. Os seres espirituais assim contactados têm informações factuais à sua disposição que não poderiam ser obtidas pelos meios que Deus nos deu para conhecer as coisas espirituais ou secretas. Essas informações podem tornar uma pessoa muito rica, ou podem destruí-la. Os espíritos malignos que fornecem essas informações pretendem impedir as pessoas de virem a Deus por meio do Messias. Eles também procuram enganar os cristãos a pensar que aquilo que recebem por meio de Cristo é insuficiente. Eles são muito bons naquilo que fazem.
Quinze anos atrás organizei um encontro de pastores, esperando apelar aos pastores para que pregassem e ensinassem a Bíblia corretamente. Um pastor que veio ao encontro tinha recentemente ido conhecer os profetas de Kansas City. Eu lhe perguntei o que acontecera ali. A resposta foi que um profeta tinha conseguido identificar corretamente seu ministério, embora não tivesse nenhuma fonte natural para essa informação. Perguntei como ele tinha feito isso. A resposta foi que o profeta fez o homem erguer sua mão com os dedos abertos. O profeta viu as cores que emanavam da mão, que revelavam quais dos cinco ministérios ele possuia. Eu disse para ele: Isto é leitura da aura, uma prática ocultista”. Ele respondeu: ‘Deus pode usar qualquer coisa e, além do mais, o profeta acertou.”
O mais grave disso é que as informações secretas não fizeram nada mais do que convencer o pastor que a leitura cristã da aura era algo válido e que ele tinha encontrado um verdadeiro profeta. O pastor sabia que era um pastor antes de ter ido ao profeta, ele não precisava de conhecimento secreto para mostrar o que era conhecido por meios ordinários. Esse é o mesmo tipo de procedimento que muitos praticantes de adivinhação usam para convencer suas vítimas que eles têm poderes legítimos. Existem dezenas de versões “cristãs” de adivinhação que estão sendo praticadas na igreja atualmente.
A próxima edição exporá várias delas.
O que precisamos fazer é deixar de lado a ambição por conhecimentos secretos e nos colocar debaixo dos meios de graça prescritos por Deus. Ele usará Seus meios prescritos para nos dar toda a cura e a ajuda que precisamos obter nesta vida. Submetendo-nos ao evangelho por meio da fé temos a certeza da ressurreição futura para a vida eterna.
Notas Finais
1. Dr. Joel Nordtvedt, Presidente das Escolas dos Irmãos Luteranos.
2. Eugene H. Merrill, Deuteronomy in The New American Commentary; (Broadman & Holman: Nashville, 1994) pg 271.
3. Holman Illustrated Bible Dictionary (Holman: Nashville, 2003) s.v. “Divination”, 433.
4. Eerdmans Dictionary of the Bible (Eerdmans: Grand Rapids, 2000) s.v. “Divination”, 349.
5. Op. cit. Holman
6. Scribners Dictionary of the Bible (Scribners: New York, 1903) Vol. 1. s.v. “Divination”, 612.
7. Duane L. Christensen, Deuteronônio 1-21:9 no Word Biblical Commentary; (Nelson: Nashville, 2001); 408.
8. Op. cit. Eerdmans, 350. exemplo, Oséias 4:1 anuncia um “caso” contra Israel. Veja Gary V.
9. Smith, The Prophets as Preachers, (Broadman & Holman: Nashville, 1994) 40 para uma discussão do processo da aliança.
10. Op.
Cit. Scribners, s.v. “lots”, pg 153.
11. Charles Hodge, Systematic Theology Vol.
III; (Eerdmans: Grand Rapids, Edição 1995) pg 499. Veja 466-708 para uma discussão completa dos meios da graça.
Sobre o Autor
Bob DeWaay é pastor da Twin City Fellowship, uma igreja evangélica não-denominacional em Minneapolis, MN. “Somos um corpo de crentes que tenta viver a fé cristã de acordo com Atos 2:42, dedicando-se à oração, comunhão, estudo das Escrituras e celebração da Ceia do Senhor. Nossa missão é equipar os santos para o trabalho do ministério e para alcançar os perdidos com o evangelho de Jesus Cristo. Fazemos isso por meio da pregação expositiva, estudos bíblicos, publicações, nosso sítio na Internet e evangelismo na vizinhança.”


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Espiritismo - REVOLTA CONTRA A PALAVRA DE DEUS


O espiritismo diz o seguinte sobre Jesus Cristo: 
"Qual é o sentido da palavra "Cristo" ? 
Não é, como se supõe geralmente, o Filho do Criador de todas as coisas? Qualquer ser justo e perfeito é "Cristo". 
Não obstante, parece que todo o testemunho recebido dos espíritos avançados mostra apenas que Cristo era um médium e um reformador da Judeia, e que, agora, é um espírito avançado na sexta esfera. Cristo foi um homem bom, mas não poderia ter sido divino, exceto no sentido, talvez, em que todos somos divinos!"
MAS JESUS CRISTO É, SEMPRE FOI E SEMPRE SERÁ 
SUPERIOR A TODOS OS SERES HUMANOS:
"É de um sumo sacerdote como Este que precisávamos:
SANTO, INCULPÁVEL, PURO, SEPARADO DOS PECADORES, EXALTADO ACIMA dos céus." ( Hebreus 7 : 26 )
JESUS CRISTO É apresentado, na Bíblia, como PROFETA, SACERDOTE E REI, NUNCA como "reformador" ou "médium".
O Kardecismo NÃO está certo ao dizer que JESUS NÃO é Deus e, sim, "apenas uma mediunidade sublime que encarnou entre nós."
O Kardecismo ESTÁ ERRADO, porque a Bíblia diz:
"Quem é o MENTIROSO, senão AQUELE QUE NEGA que Jesus é o Cristo?" ( 1João 2 : 22a)
E ESTÁ ERRADO, porque a Bíblia também diz:
"MAS TODO espírito que NÃO confessa Jesus NÃO procede de Deus. Esse é o espírito do anticristo (ou o espírito que vem do anticristo), acerca do qual vocês ouviram que está vindo; 
e agora já está no mundo." ( 1João 4 : 3 )
QUALQUER PESSOA QUE NEGAR A DIVINDADE DE CRISTO, QUALQUER UM QUE NEGAR QUE JESUS É DEUS, 
TEM O ESPÍRITO DO ANTICRISTO, ISTO É, O ESPÍRITO DE QUEM É CONTRA CRISTO, DE QUEM É CONTRÁRIO OU OPOSTO A CRISTO!

(por Comunidade Evangélica Pedras Vivas - 
via God's Army! - Exército de Deus)

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

REENCARNAÇÃO.


DESMASCARANDO O ESPÍRITO DO ERRO

Sabemos que o diabo veio só para matar, roubar e destruir (João 10:10); sabemos também que ele é o pai da mentira (João 8:44), portanto mentiroso e enganador.

Pois bem, a bíblia diz o seguinte em hebreus 9:27:
“E, assim como aos homens está ordenado morrer só uma vez, vindo, depois disto, o juízo...”. Como está escrito, o homem morre somente uma vez (e a bíblia não mente porque foi escrita da parte de Deus, veja 2 Pedro 1:21). Nós somos espírito, temos uma alma, onde se concentram as emoções, e habitamos em um corpo (1º Tessalonicenses 5:23).
Sendo assim, quando o homem morre para onde vai o espírito?
Eclesiastes 12:7 diz: “e o pó volte a terra, como era, e o espírito volte a Deus, que o deu”. Aqui diz que o espírito volta para Deus e não para outra pessoa. O que acontece é que infelizmente muitas pessoas têm uma interpretação errada da palavra de Deus, e assim vão formando suas próprias conclusões e idéias, e com a ajuda da mídia que tem exposto isso livremente. Mas não acaba por aí! 1º João 4:1-6 diz: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora. Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente já está no mundo. Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo. Eles procedem do mundo; por esta razão falam da parte do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve.
Nisto reconheceis o espírito da verdade e o espírito do erro”.
Aqui diz que aquele que conhece a Deus ouve a verdade, mas os que procedem do mundo falam (ou vivem como o mundo quer) e escutam o que ele diz. É muito sério e bem verdade o que a bíblia nos fala em 1º Timóteo 4:1 e 2:
“Ora, o Espírito Santo expressamente afirma que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência...”
É o que estamos vivendo nos dias de hoje!
Como já vimos, o diabo é mentiroso e enganador; é ele o maior interessado em levar cada vez mais pessoas pelo caminho do erro e da mentira, distorcendo a bíblia. Mas graças a Deus por Jesus Cristo, nosso fiel amigo e redentor, em quem podemos confiar, pois Ele nos deu um grande presente: a salvação e a vida eterna. Ele é o caminho, não existem atalhos. Aleluia!
Para concluir, em 1º tessalonicenses 4:13-17 diz: “Não queremos porém, irmãos, que sejais ignorantes a respeito dos que dormem, para não vos entristecer como os demais, que não têm esperança. Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará em sua companhia os que dormem. Ora, ainda vos declaramos por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre
nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim estaremos para sempre com o Senhor”.
Aqui diz que os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, para a vida eterna; como pode então o espírito reviver em outra pessoa, se a própria palavra afirma que o espírito volta para Deus?
Esses textos descartam qualquer argumento sobre esse assunto. Não adianta pegarmos um trecho da bíblia em particular e formar uma doutrina ou idéia em cima, esquecendo o resto!

Que o Senhor continue nos dando cada vez mais discernimento de Sua palavra.

Por: Clésio Júnior
Rede da Mocidade - IBL
FONTE:
Bíblia Thompson, edição contemporânea
Bíblia revista e atualizada, segunda edição
João Ferreira de Almeida.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Por que o Kardecismo atrai?

A doutrina espírita chegou ao Brasil em meados do século 19, nos Estados do Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e Bahia. Interpretada pelo francês Hipolite Leon Denizard Rivail, sob o pseudônimo Allan Kardec, ganhou impulso com a formação de grupos de estudos que, aos poucos, difundiram no país a corrente espírita conhecida como kardecismo. Como na época os textos espíritas ainda não estavam traduzidos para o português, os praticantes da nova religião restringiam-se a classes sociais mais instruídas. Em 1884, é fundada a FEB — Federação Espírita Brasileira.
Allan Kardec uniu o cristianismo à necromancia e a alguns conceitos hindus, sem levar em conta que “água e óleo” não se misturam. Seu espiritismo não é um espiritismo verdadeiro e seu cristianismo é igualmente inventivo. Seus seguidores se julgam cristãos, mas, a rigor, veremos que isto não pode ser tomado por verdade.
De acordo com os dados preliminares do Censo de 2000, o espiritismo possui 2,3 milhões de adeptos no país, o que corresponde a 1,4% da população. Segundo a Federação Espírita Brasileira, o número chega a 20 milhões, se forem incluídas as pessoas que vão aos centros espíritas, mas declaram ser de outras confissões religiosas. Essa é realidade que deve ser considerada, uma vez que, de fato, o sincretismo que envolve o kardecismo realmente proporciona ao “fiel” de outras religiões encontrarem guarida em suas sessões.
Devido à proeminência incontestável do espiritismo em solo brasileiro, propomos aos leitores de Defesa da Fé a apresentação de nove apelos que parecem justificar a imensa força de atração que o espiritismo exerce em nosso meio. Acreditamos que, conhecendo um pouco cada uma dessas razões, nos será possível delinear estratégias de evangelismo mais eficazes. Vejamos:
Apelo científico
No livro O evangelho segundo o espiritismo, Hipolite escreveu: “O espiritismo é a junção perfeita da ciência com a religião”. Devemos lembrar que sua época abraçou o apogeu das descobertas científicas. Qualquer ensino que não passasse pelo crivo de qualidade dos padrões científicos seria ridicularizado. Aliás, a religião, de uma forma geral, estava sendo ridicularizada por não atender estes padrões. Segundo o conceito geral de Chapman Cohen, os “deuses são coisas frágeis; eles podem ser mortos com uma baforada de ciência ou uma dose de senso comum”.
Por isso, inicialmente, o espiritismo sempre insistiu em afirmar seu caráter científico: “O espiritismo é, antes de tudo, uma ciência e não cuida de questões dogmáticas. Melhor observado, depois que se generalizou, o espiritismo vem derramar luz sobre um grande número de questões, até hoje insolúveis ou mal compreendidas. Seu verdadeiro caráter é, portanto, de uma ciência e não de uma religião”.1
Entretanto, pode-se conferir ao espiritismo a mesma segurança dos conhecimentos científicos? Sua alegação foi aceita por todos? Na Inglaterra, foi criada a Sociedade de Pesquisas Psíquicas, que visava aplicar ao espiritismo os mesmos critérios usados para a investigação científica. Em sua História do espirtismo, Artur Conan Doyle, célebre criador de Sherlock Holmes, faz diversas referências ao fracasso das pesquisas espíritas para enquadrá-lo dentro dos padrões da ciência:
“Onde a sociedade foi menos feliz foi no que se refere aos chamados fenômenos físicos do espiritismo. Mr. E.T. Benett, que durante vinte anos foi secretário assistente da Sociedade, assim se exprime a respeito: ‘É um fato notável, e nós nos inclinamos a dizer que é uma das coisas mais notáveis na história da Sociedade, que esse ramo de investigações tivesse sido — e não há nisso exagero — absolutamente falho de resultados. Também deve ser dito que o resultado foi mais falho quanto maior a simplicidade do fenômeno [...] Em toda a série de volumes publicados pela Sociedade, nenhuma luz foi derramada sobre os simples fenômenos de ver e ouvir. Em relação aos fenômenos físicos mais elevados, que implicam inteligência para a sua produção, tais como a escrita direta ou a fotografia de espíritos, algumas investigações foram feitas, mas em grande parte com resultados quase que inteiramente negativos’”.2
Com o passar do tempo, o espiritismo abandonou a defensiva e assumiu a posição de religião, aliás, como a única religião verdadeiramente cristã, sem abdicar totalmente de seu caráter científico. Mas suas alegações iniciais serviram para atrair todos aqueles que o praticavam por julgarem estar à altura das mentes mais esclarecidas. Esse aspecto kardecista nos faz lembrar da advertência do apóstolo Paulo a Timóteo: “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência, a qual, professando-a alguns, se desviaram da fé. A graça seja contigo. Amém” (1Tm 6.20,21).
Apelo cristológico
O destaque conferido à figura (pessoa) de Jesus Cristo foi outro fator que contribuiu para o avanço do espiritismo ensinado por Kardec. O Ocidente, de modo geral, e o Brasil, de modo específico, se intitulam cristãos. Independente do conhecimento que estes tenham do evangelho, a figura de Jesus é dominante na cultura. Em seu livro, O evangelho segundo o espiritismo, Kardec tenta sintetizar dois segmentos religiosos definitivamente antagônicos. Até então, não existia o chamado “espiritismo cristão”. Mas, ao fazer de Jesus um médium, o grande decodificador do espiritismo fez que muitas pessoas se aproximassem de práticas até então condenadas e, ao mesmo tempo, se sentissem cristãs.
Todavia, o uso de certo termo não significa que o mesmo esteja se referindo a coisas semelhantes. Temos de nos preocupar com a essência por trás das palavras. Quando o kardecismo fala em Jesus, de qual Jesus está falando? O mesmo Jesus dos evangelhos? O mesmo Jesus conhecido dos apóstolos? Paulo escreveu aos coríntios: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo. Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis” (2Co 12.3,4). Precisamos saber se o espiritismo possui o Jesus bíblico ou “outro Jesus”.
No evangelho de João, lemos sobre a natureza de Cristo: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus [...] E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.1,14).
Jesus era o Deus Filho, que assumiu a natureza humana. A Bíblia diz o seguinte: “Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9).
Sobre João 1.1, escreveu Kardec: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus [...] Primeiramente, é preciso notar que as palavras citadas são de João e não de Jesus. Admitindo-se que não tenham sido alteradas, não exprimem, na realidade, senão uma opinião pessoal, uma indução que deixa transparecer o misticismo habitual, contrário às reiteradas afirmações do próprio Jesus”.3
Léon Denis4, o consolidador do kardecismo, negou a obra redentora de Jesus na cruz. Embora a Bíblia diga que Ele é o Cordeiro de Deus (Jo 1.29), que tira o pecado do mundo, Léon negou isto veementemente: “Não, a missão de Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo”.5
Como sabemos, Jesus disse que veio para servir e dar a sua própria vida em resgate de muitos (Mt 20.28). Isso mostra que o Jesus do espiritismo não é o mesmo do cristianismo.
Apelo escriturístico
A Bíblia é o livro por excelência. Tornou-se um referencial tão sólido no Ocidente que quando um livro é o mais importante de determinado ramo de conhecimento diz-se comparativamente que ele é a Bíblia de tal assunto: “a bíblia do pescador”; “a bíblia do advogado”, etc. Há quase uma aceitação automática da Bíblia como Palavra de Deus. É parte integrante de nossa cultura, independente da religião professada ou praticada.
Por esse motivo, o espiritismo de Kardec fez amplo uso das Escrituras Sagradas, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, para provar seus ensinos. O livro O evangelho segundo o espiritismo talvez seja o exemplo mais evidente de amplas citações das Escrituras. Diversas passagens são analisadas à luz da doutrina espírita. Embora não ocorram, em nenhum lugar da Bíblia, as palavras reencarnação e carma, Kardec faz a Bíblia dizer o que ela não diz, e, com isso, distorce muitas passagens da Palavra de Deus para que se encaixem em sua opinião.
Como é comum nas seitas, as passagens são citadas isoladamente, fora de contexto, e estritamente selecionadas. Ou seja, a Bíblia não é usada como um todo, mas apenas as passagens consideradas favoráveis aos pontos de vista espíritas. É bom enfatizar que nem todos os ramos do espiritismo procedem dessa forma.6 Esta é uma característica principalmente do kardecismo.
O problema é que a necromancia foi continuamente condenada na Bíblia. As práticas espíritas, como passes, diálogos com mortos, mediunidade, ectoplasmas, movimentação de objetos, entre outras, têm mais a ver com os fenômenos demoníacos apresentados nas páginas do Novo Testamento. A reencarnação foi rejeitada em Hebreus 9.27 e a multiplicidade de vidas
em corpos diferentes está longe de ser uma idéia cristã. Kardec só consegue usá-la distorcendo seu sentido.
Geralmente, os estudiosos kardecistas arriscam um confronto bíblico com as doutrinas espíritas até que possam harmonizar as coisas, porém, quando encurralados, negam completamente seu reconhecimento da Bíblia como autoridade de fé e prática. Léon Denis, filósofo do espiritismo, expressou sua opinião sobre a Bíblia da seguinte forma: “… Não poderia a Bíblia ser considerada a Palavra de Deus, nem uma revelação sobrenatural”.7
Carlos Imbassahy, outro estudioso do espiritismo, vai ainda mais longe ao considerar a relação entre as Escrituras e o espiritismo: “… Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O espiritismo não é um ramo do cristianismo como as demais seitas cristãs. Não assenta seus princípios nas Escrituras [...], a nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome espiritismo”.8
É fácil perceber que o kardecismo só usa a Bíblia como isca. O primeiro livro de Kardec, publicado em 1857, com o título Livro dos espíritos, mostra a verdadeira fonte do espiritismo — os seres desencarnados com os quais Hipolite Leon entrou em contato. Para uma religião que se intitula o verdadeiro cristianismo, o kardecismo possui bases muito estranhas. Já Isaías proclamava, cerca de setecentos anos antes de Cristo: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” (Is 8.19,20).
Apelo cosmológico
Cosmologia é a maneira como alguém compreende o mundo ao seu redor. É como consegue encaixar o Universo em um todo coerente. Durante a história do homem sobre a Terra, cada povo teve sua cosmologia particular, que foi mudando ao longo do tempo. A doutrina da reencarnação levantava de imediato duas perguntas de ordem prática:
1) Se as almas estavam reencarnando, por que a população aumentava? De onde vinham as almas excedentes?
2) Se a reencarnação era um processo que aperfeiçoava os homens, por que a humanidade e o sofrimento pareciam crescer ao invés de diminuir?
Para tentar explicar relevantes perguntas, kardec formulou sua própria cosmologia. Segundo sua explicação, esta Terra é apenas um entre muitos planetas habitados. As almas excedentes teriam vindo de outros planetas, justificando, assim, o aumento populacional da Terra. Do mesmo modo, o sofrimento e a maldade não diminuem porque o nosso planeta é um lugar de “purgação”, onde as almas viriam para expiar seu carma por meio do sofrimento. E, tentando defender biblicamente sua posição, cita João 14.2, onde Jesus diz que na “casa de seu Pai há muitas moradas”.
Logo, a cosmologia de Kardec, apesar de satisfazer alguns, não é sólida. Baseia-se na existência de vida em outros planetas, coisa para a qual não existem quaisquer comprovações. Faz de uma interrogação uma afirmação, de uma suposta probabilidade, um fato. Isso, no entanto, de modo algum serve de alicerce concreto para uma crença. Antes, é uma saída de emergência.
Do mesmo modo, João 14.2 não diz nada sobre vida em outros planetas. Identificar a casa do Pai com o Universo e as moradas com planetas está além de qualquer regra de hermenêutica. Este não é um planeta criado para purgações. Quando Deus o completou, viu que era “muito bom” (Gn 1.31). Se hoje possui dores e sofrimento é devido ao resultado do pecado e não a um planejamento de Deus (Gn 3.17-19). Deus deu esta terra aos filhos dos homens para que habitassem nela (Sl 115.16) e não outro planeta.
Apelo racional
Com isso, queremos dizer que o kardecismo fornece uma explicação intelectual para certos fatos da vida e que tal explicação consegue, de alguma forma, tornar aceitáveis as situações difíceis. Ao expressarmos essa teoria, de forma alguma, estamos dizendo que essas explicações são verdadeiras, mas simplesmente que foram largamente aceitas, devido à sua mera aparência de verdade.
Dizer que uma criança nasceu deficiente por motivos existentes em uma vida anterior, embora seja uma mentira impossível de provar, para alguns, porém, parece ser uma explicação razoável. O argumento que diz que os fatos presentes são conseqüência de atos injustos, cometidos em outra vida, parece plausível para alguns, e também o argumento que explicava as exorbitantes diferenças das condições de vida das pessoas.
Por que alguns são muito felizes e outros, muito tristes?
Por que uns são muito ricos e outros, muito pobres?
Por que tanta discrepância se todos são seres humanos?
A resposta só podia estar escondida em uma existência antecedente a esta.
Mas o que precisa ser colocado é que, apesar de existir certo traço de racionalidade nessa colocação, ela é, até certo ponto, perversa. Por exemplo, uma pessoa que sofre muito nesta vida, sente-se, devido a essa teoria, automaticamente culpada por seus próprios sofrimentos. Torna-se culpada sem saber qual é a sua culpa. Todavia, deve aceitar passivamente que tal culpa está relacionada a uma vida anterior da qual não tem a menor lembrança. Imaginem um prisioneiro na cadeia, sendo torturado, sem que ninguém lhe diga qual é o seu crime, mas que tem de acreditar que, se está sendo punido, é porque deve haver alguma razão para isso.
O culpado também precisa ser lembrado que sua raiz histórica (ou seja, reencarnação e carma), que tenha, digamos, começado na Índia, serve para justificar uma situação social de extrema injustiça (Não podemos nos esquecer, porém, que a distribuição de renda na Índia sempre foi escandalosa). Assim, os brâmanes9 estavam no topo, devido a merecimentos anteriores, e os hariyan,10 pelo mesmo motivo: merecimentos passados, eram rejeitados. Justificar esta sólida estratificação social só poderia ser possível apelando-se para motivos divinos e, por conta disso, a reencarnação e o carma também pareciam totalmente lógicos. Estamos vendo aqui uma forma de determinismo (fatalismo) religioso, por meio do qual o mal dever ser aceito, passivamente, como uma manifestação da justiça.
Apelo emocional
Quem não sente saudades de seus entes queridos?
Quem não tem vontade de saber como eles estão?
Quantos não dariam tudo para ouvir sua voz ou conversar com eles?
Pois bem, o espiritismo, principalmente o kardecismo, afirma que pode tornar isto possível. Por conta disso, muitos adeptos dessa religião recorrem a ela em busca de um contato com um parente falecido, especialmente se a morte foi recente. O ser humano, infelizmente, é propenso a acreditar em qualquer coisa, desde que aquilo em que acredita sirva para consolá-lo. E é justamente esse tipo de crença que rende muitos adeptos ao kardecismo.
Inclusive, a imprensa, em certas ocasiões, tem divulgado que alguns famosos, depois de mortos, tentaram fazer “contato” com seus familiares. Foi justamente o que, segundo a imprensa, ocorreu com Ayrton Senna, e tantos outros. Quando Chico Xavier morreu, houve um tremendo “espanto” pelo fato de ele não ter, de imediato, se manifestado em/a nenhum médium. Tais circunstâncias são elementos que sustentam e garantem o sensacionalismo em massa e, alimentados pela mídia, tornam-se instrumentos de divulgação do espiritismo. Se isso não levar uma pessoa (ou várias pessoas) a se tornar praticante, ao menos faz que o contato com os mortos pareça algo normal e verdadeiro, sem nenhum questionamento. Parece ser o fim do mistério da existência pós-morte.
Mas as coisas não são simples assim. Quando o kardecismo toma as Escrituras para justificar suas práticas e crenças, automaticamente se autocondena, porque a Bíblia se opõe a este tipo de ensino (contato entre vivos e mortos). O próprio Jesus, em sua narração sobre a parábola do rico e Lázaro (Lc 16.19-31), demonstrou que isto estava fora do procedimento divino. Vejamos o que diz o texto em referência:
“E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá. E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite”.
Trocar a revelação de Deus nas Escrituras por uma orientação vinda do mundo dos mortos não é, de modo algum, o plano de Deus, e os que agem dessa forma não estão dentro do propósito divino. Como podemos ver, o desejo do homem rico era que seus irmãos soubessem que ele estava em um lugar de tormento. Mas, ao contrário disso, os espíritos que se manifestam no kardecismo sempre alegam estar em um lugar de luz, beleza e descanso. Por isso sua mensagem é facilmente aceita, por ser aprazível aos ouvidos. Se tais espíritos, porém, advertissem duramente todos aqueles que praticam o pecado e não se voltam para Deus, com certeza esses supostos contatos seriam rejeitados. Pois bem, o que podemos constatar é que tudo isso não passa de um tremendo engodo. Deus, todavia, não deixou aos mortos, mas aos vivos, a tarefa de proclamar a sua vontade, expressamente contida em sua Palavra.
Além disso, em nenhum lugar da Bíblia se menciona a existência de um canal aberto entre o mundo dos mortos e dos vivos. Não existe nenhuma possibilidade de comunicação entre eles (vivos e mortos). Suas existências são distintas. Não é obra de Deus a presença de almas perambulando por aí sem destino e propósito. O Senhor Deus é sábio. Foi Ele quem criou o Universo e todas as coisas existentes. É o que nos diz o texto bíblico, em Eclesiastes 9.5,6: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol”.
Para concluirmos esta questão, podemos afirmar biblicamente que o contato com os mortos sempre foi (e ainda é) algo proibido por Deus. Embora seja uma prática milenar, de modo algum foi autorizada pelo Senhor. Muito pelo contrário, trata-se de uma abominação aos olhos de Deus: “Quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Deus os lança fora de diante de ti” (Dt 18.9-12).
Como podemos ver pelo texto bíblico em referência, Deus não está apenas proibindo o contato com os mortos, mas também condenando a adoração a outros deuses, não porque tais deuses existam, mas porque adorá-los é o mesmo que adorar os demônios (1Co 10.20,21). Deduzindo, então: quem busca comunicar-se com os mortos, na verdade, está-se envolvendo com espíritos enganadores.
Sendo assim, a necromancia não passa de um engano, uma impossibilidade e uma abominação. Bíblia e kardecismo não se combinam. Podemos respeitar os sentimentos das pessoas que se dirigem aos médiuns buscando um contato com seus saudosos parentes, mas não podemos concordar que se busque solução em algo tão pernicioso quanto essa prática.
Apelo romântico
Aproveitando-se do sentimentalismo humano, o kardecismo romantizou sua doutrina, e fez isso por meio das obras do famoso médium Francisco Cândido Xavier, que escreveu 412 livros, nos quais os ensinos sistematizados por Kardec são apresentados em bela prosa poética. A própria figura do autor é bastante carismática e sua história de vida apresenta diversos pontos que despertam admiração e reverência nas pessoas.

Beleza e verdade não são palavras sinônimas, e mentira e fealdade (qualidade de feio) não são antônimas. Por exemplo: algo pode ser mentiroso e belo ao mesmo tempo. O engano pode estar vestido com uma bela roupagem. De Satanás, é dito que era “perfeito em formosura” (Ez 28.12). Do Messias foi profetizado que “olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos (Is 53.2).
Não desejamos agredir nenhuma pessoa, e muito menos a sua obra. Mas a verdade espiritual é algo de extrema seriedade. A beleza não tem poder para transformar a mentira em verdade. Por outro lado, o que ela pode fazer é esconder a mentira; ou seja, ocultar os mais terríveis venenos nos pratos mais saborosos. O apóstolo Paulo nos deu uma clara idéia do que isso representa: “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras” (2Co 11.14,15).
Apelo filantrópico
Concordamos com Tácito Gama Leite Filho, que afirmou: “A razão do crescimento do kardecismo no Brasil, após 1950, foi sua ênfase na caridade”. Seu apelo filantrópico é muito forte. Em um país marcado pela desigualdade social, tudo aquilo que é feito em prol do próximo é visto com bons olhos. Em termos de marketing, podemos dizer que a obra social é um dos fatores mais importantes para se criar uma boa “imagem pública”. Associar esta filantropia com o “amor ao próximo” dos evangelhos foi a melhor maneira de identificar espiritismo com cristianismo, como se este último se resumisse em ajudar os carentes. Até hoje, esse apelo permanece em nosso país como um dos mais fortes.
Além de uma imagem pública positiva, o ato da caridade cria nas pessoas um agudo senso de justiça própria. A pessoa acaba se julgando melhor que os outros; ou seja, melhor que aqueles que, aos seus olhos, não são tão caridosos, e, por conta disso, considera-se digna das recompensas divinas. Tal procedimento faz que essas pessoas “extremamente caridosas” endureçam o coração para receber o evangelho, porque não conseguem ver a salvação sob o prisma da graça, mas somente das obras. “Faço muita caridade, logo, sou melhor que os outros”. Mesmo que Kardec fale contra a caridade orgulhosa, é difícil não se ufanar dela quando isso constitui a base da salvação.
Assim como as demais religiões, o kardecismo também se vangloria de uma auto-salvação, o que, obviamente, está em desacordo com o evangelho. O apóstolo Paulo enfatizou que a salvação não depende, de forma alguma, de obras humanas, antes, é uma graça de Deus, não está relacionada às ações do homem (Rm 3.21-27; Gl 2.16; Ef 2.8,9; Tt 3.5). As boas obras são uma consequência da salvação e não o contrário. A única diferença do kardecismo, em relação às outras religiões, é que ele contextualizou a auto-salvação ao lançar mão do conceito de amor ao próximo do cristianismo.
É importante frisar o seguinte: identificar o amor cristão apenas com as obras sociais em favor dos menos favorecidos não é bíblico. O texto de 1Coríntios 13.3 ensina que alguém pode distribuir toda a sua fortuna aos pobres e, mesmo assim, não ter amor. Embora uma idéia possa de fato remeter a outra, isso não quer dizer que sejam idênticas.
Não poderíamos deixar de fazer uma apologia em favor das igrejas evangélicas concernente às obras de amor, pois frequentemente ouvimos acusações contra os evangélicos de que não demonstram amor ao próximo. Então, vejamos três coisas:
Primeira: o amor ao próximo não se resume em ação social. Existem diversas formas de praticar o amor cristão que não englobam necessariamente as obras sociais. E temos certeza que o ambiente cristão é geralmente cheio de amor.
Segunda (e aqui falaremos sobre a questão da ênfase): O Novo Testamento não enfatiza as obras sociais, pois são apenas um dos elementos do evangelho e não o seu centro, como querem os kardecistas. Se cremos realmente que a Bíblia é o padrão de Deus, entendemos também que o viver cristão inclui muito mais que obras. Prestar ajuda material é apenas um dos elementos cristãos, não o principal. Obras sociais não se constituem ponte de salvação nem para quem faz nem para quem recebe.
Terceira: a igreja evangélica, se olhada como um todo, é insuperável como instrumento de obras sociais no mundo. Muitas denominações evangélicas já foram apontadas como as maiores praticantes de obras filantrópicas do mundo. Organizações cristãs foram criadas somente para prestar serviços humanitários, e isso em todo o mundo. A igreja evangélica, seja local ou global, é um grande veículo de amor ao próximo. Mas por que suas obras não aparecem? Porque as obras não são a nossa ênfase. Porque não precisamos mostrar o que estamos fazendo. Porque estamos em obediência ao mandamento de Jesus, que diz que a nossa mão direita não deve saber o que faz a nossa mão esquerda (Mt 6.3).
Apelo de cura
O último elemento que atrai inúmeros adeptos ao kardecismo é a realização de “curas espirituais”; ou seja, de supostos milagres. As pessoas geralmente correm atrás desse tipo de coisa, que, para elas, é um sinal de aprovação divina. Em uma dedução simples: “Se é milagroso, então é de Deus”.
Mas isto não é verdade. Deus realmente realiza obras sobrenaturais, mas nem tudo que é sobrenatural vem de Deus. As Escrituras nos fornecem provas abundantes a esse respeito.
No livro de Êxodo, por exemplo, temos o confronto de Moisés com os magos do Egito. Pelo menos três milagres realizados por Moisés, sob o poder de Deus, foram imitados pelos magos: a vara que se transformou em cobra (Êx 7.10-12), a água do rio que virou sangue (Êx 7.20-22) e a praga das rãs (Êx 8.6,7).
Em Deuteronômio 13.1-6, temos uma amostra de que a fonte de manifestações psíquicas pode ser de origem maligna. Uma pessoa pode fazer uma premonição, seja em forma de profecia ou de sonho, e isso não proceder do Senhor. A fonte, neste caso, seria maligna, e aquele que faz o “sinal” não foi inspirado por Deus.
O Novo Testamento é ainda mais explícito quanto à questão de milagres e maravilhas satânicos. Jesus disse que surgiriam muitos falsos profetas que fariam tantos sinais e maravilhas e que, se possível fosse, enganariam até os escolhidos (Mc 13.22).
O apóstolo Paulo fala da “eficácia de Satanás com todo poder, e sinais, e prodígios de mentira” (2Ts 2.9) e o livro de Apocalipse 16.14, de “espíritos de demônios, que operam sinais”. Como podemos ver, os poderes psíquicos não precisam derivar necessariamente do homem, mas de uma fonte maligna externa. Logo, não existe nada de óbvio em presumir que os milagres realizados pelos espíritos no kardecismo não sejam divinos. Não há como compará-los aos milagres bíblicos, uma vez que estes eram realizados diretamente por Deus ou por instrumentalidade de um de seus servos, mas nunca por qualquer espírito.
Assim, concluímos que nem todo poder que age no Universo é benéfico e divino. Satanás e seus demônios também realizam “milagres”, desde que isso lhes traga alguma vantagem.
O apelo que devemos ouvir
Agora, depois de apresentarmos os nove apelos do kardecismo, apresentamos o apelo mais acertado, o das Escrituras, que convida as pessoas a deixarem todas essas práticas e se voltarem para o Deus verdadeiro. Nenhuma maquiagem pode transformar algo abominável em algo aceitável, de forma alguma pode transformar algo condenado por Deus em veículo de salvação. Sem a aprovação do prumo das Escrituras, toda obra deve ser rejeitada pelo homem, porque com certeza será rejeitada por Deus.
O evangelho segundo o espiritismo é totalmente reprovado pela Bíblia. O espiritismo segundo o evangelho é uma cilada simpática promovida pelo inimigo de nossas almas. Por todos os apelos que demonstramos aqui, percebemos que não é tarefa fácil lidar com as convicções desse grupo religioso, porém, cabe a nós procurarmos meios, com a ajuda do Espírito Santo, de compartilhar a salvação com os espíritas e suplicar por eles diante de Deus, para que se arrependam e conheçam a verdade (2Tm 2.25).
Bibliografia:
O evangelho segundo o espiritismo, Alan Kardec, Federação Espírita Brasileira.
Porque Deus condena o espiritismo, Jefferson Magno Costa, CPAD.
Religiões e seitas, Tácito Gama Leite Filho, CETEO.
História do espiritismo, Arthur Conan Doyle, Editora Pensamento.
Almanaque Abril 2003, Editora Abril.
Notas:
1 O que é o espiritismo, Opus Editora Ltda, 2ª ed., 1985, 1985, p. 294.
2 História do espiritismo, Arthur Conan Doyle, Editora Pensamento, p. 316.
3 Obras póstumas, obras completas, Opus Editora, 2ª ed., 1985, p.1182.
4 Não confundir com Allan Kardec. Léon Denis nasceu em 1º de janeiro de 1846, em Foug, na Lorena francesa, e morreu em Tours, em 12 de abril de 1927, com 81 anos incompletos. Seus pais foram Anne-lucie e o pedreiro e ferroviário Joseph Denis. Foi consolidador do espiritismo e não apenas o substituto e continuador de Allan Kardec, como geralmente se pensa. Tinha uma missão quase tão grandiosa quanto a do Codificador. Cabia-lhe desenvolver os estudos doutrinários, continuar as pesquisas mediúnicas, impulsionar o movimento espírita na França e no mundo, aprofundar o aspecto moral da doutrina e, sobretudo, consolidá-la nas primeiras décadas do século.
5 Cristianismo e espiritismo, Léon Denis, Federação Espírita Brasileira, 7ª ed., 1978, p. 86.
6 Duas importantes escolas espíritas que não sustentam suas crenças na Bíblia: Escola científica: Também chamados de Laicos. No século XIX, foram liderados pelo professor Angeli Torteroli. Formavam uma frente de oposição aos chamados Místicos. Entre outras coisas, procuravam desassociar o espiritismo do cristianismo. Escola paganizante: Sob a liderança de Carlos Imbassahy, rejeitam a expressão “espiritismo cristão” e negam qualquer fundamentação bíblica do espiritismo. É de Imbassahy a seguinte afirmação: “Nem a Bíblia prova coisa nenhuma nem temos a Bíblia como probante [...] O espiritismo não é um ramo do cristianismo como as demais seitas cristãs. Mas a nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome espiritismo”.
7 Cristianismo e espiritismo, Léon Denis, Federação Espírita Brasileira, 7ª ed., 1978, p. 267.
8 À margem do espiritismo, Carlos Imbassahy, Federação Espírita Brasileira, p. 219.
9 Trata-se do posto sacerdotal mais alto dentro do sistema de castas hindu.
10 Trata-se da casta hindu dos marginalizados, ou “intocáveis”.
Por Lídio Hamon – Fonte: ICP – www.icp.com.br