http-equiv='refresh'/> ESPÍRITA NUNCA MAIS

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

OCULTISMO


O Ocultismo traz consigo a influência das artes mágicas, das religiões de mistério, de muitos deuses e deusas que tanto têm contribuído para que pessoas permaneçam a vida longe do verdadeiro criador e partam desse mundo sem a salvação.

Sabemos que ao arrazoarmos sobre o tema “ocultismo” estaremos despertando a curiosidade de algumas pessoas para fatos e práticas que até então, provavelmente, ignoravam. Não temos como objetivo excitar a curiosidade de alguém na direção do ocultismo, mas alertarmos preventivamente sobre dardos sutis que podem ter atingido a mente de alguma pessoa. Devemos ter presente a admoestação de Paulo em Rm 16.19 – “… quero que sejais sábios para o bem e simples para o mal”. Podemos estar a par das atividades do diabo sem nos deixarmos envolver pela obsessão ou fascinação doentia.

Não temos como nos esquivarmos de que o sobrenatural é realidade. Apesar disso, devemos ser cuidadosos para não considerarmos todos os fenômenos inexplicáveis como sobrenaturais, pois a fraude sempre fez parte desse meio cheio de mistérios!

Podemos incorrer em dois extremismos quando estudamos sobre o Ocultismo; primeiro é não crer na influência diabólica das suas práticas e segundo é crer e desenvolver um interesse mórbido em relação ao Ocultismo.

É diante dessa conjuntura e de tantas conjecturas, que o ocultismo tem ganhando espaços e adeptos, por isso, a importância dessa singela abordagem.

Terminologia


O vocábulo ‘oculto’ deriva-se da palavra latina ‘occultus’ e significa escondido, secreto, obscuro, aquilo que é de falso fundamento, misterioso. São fenômenos que parecem escapar ou escapam ao domínio dos sentidos. A palavra sinônima de oculto é esotérico e está relacionada com a doutrina que se oculta das pessoas em geral e se revela apenas aos iniciados.

O Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo relata: “Ocultismo é o que está além da esfera do conhecimento empírico; o sobrenatural; o que é secreto ou escondido”. (2)

O termo ocultismo, criado no século XIX pelo francês Eliphas Lévi (Alphonse Louis Constant), designa a série de teorias, práticas e rituais que têm por base conhecimentos secretos e a possibilidade de invocar forças desconhecidas, sejam da mente ou da natureza. A alquimia, a astrologia, a cabala e a bruxaria estão entre as mais antigas formas de ocultismo. O aparecimento de doutrinas ocultas ou esotéricas, que permanecem restritas a um pequeno grupo de iniciados, é uma característica comum a todas as antigas culturas. Com métodos próprios destinados a curar enfermidades, obter determinados bens ou adivinhar o futuro, essas doutrinas pressupõem a existência de espíritos e de forças ocultas que governam o universo. Muitas das formas de ocultismo tiveram origem em religiões secretas, tais como a bruxaria, que reproduzia, na Idade Média, rituais de cultos pré-cristãos. Outras se baseavam em conhecimentos de caráter filosófico, como a astrologia e a alquimia, que se propunham uma síntese de todo o saber. (4)

Origem do Ocultismo


Babilônia, foi o berço do ocultismo, notadamente da adivinhação e dali as práticas se espalharam por toda a terra com a povoação que se espalhava (Gn 11.8,9). Deus frustrou as previsões ocultistas nos dias de Moisés e Arão, quando realizaram sinais diante de Faraó, ao transformar varas em serpentes. A serpente de Moisés engoliu as serpentes dos praticantes de ciências ocultas de Faraó e depois em repetir as pragas sobre o Egito (Ex 7.8-12, 19-22; 8.5-11,16-19; 9.11). Os reis antigos usavam com excesso as práticas ocultistas. Nabucodonozor tomou a decisão de atacar Jerusalém depois de recorrer ao ocultismo (Ez 21.21,22). A prática adotada por Nabucodonozor é conhecida como hepatoscopia (adivinhar pelo fígado do animal). Amã, inimigo dos judeus, pretendeu matar Mardoqueu empregando métodos ocultistas ao levantar uma forca valendo-se de adivinhação ( Et 3.7-9; 9.24,25; Nm 23.23). (3)


Uma abordagem sobre o ocultismo no Egito e na Babilônia

Egito

No Egito o zoormorfismo (deuses em formas de animais) e o antropomorfismo (deuses em forma humana) faziam parte da religião. O Faraó era considerado uma teofania, uma encarnação do deus principal dos egípcios. Desse modo, cria-se que a natureza era regulada pela intercessão faraônica. Na qualidade de deus cabia ao faraó o papel de mediador dos homens perante as divindades, devendo para isso construir templo, residir cultos, organizar ritos funerários, norteado sempre pelos ensinamentos dos deuses.

Em busca da vida eterna, tumbas especiais e pirâmides eram erigidas a cada dia. Ritos, os mais diversos e até macabros, eram praticados para garantir a vida pós-morte. De maneira geral os egípcios eram completamente supersticiosos e todas as sua atitudes giravam em tordo dos auspícios do dia-a-dia. O culto dos mortos era uma prática egípcia das mais importantes, dentre os ritos mágicos. A grande pirâmide de Quéops mostra o quanto os egípcios eram fiéis as suas convicções religiosas.

Entre os egípcios, era comum também a crença de que os astros tinham influência sobre as diferentes partes do corpo. Assim, por exemplo, a cabeça pertencia ao deus Ra; os dentes, à deusa Selk; os joelhos, à deusa Neit; os pés, a Ftá; esses deuses se relacionavam com os astros. Quando alguém ficava doente, invocava-se o deus relacionado com ela. Magia e religião estavam intimamente ligadas no Egito.

Os símbolos ocultistas utilizados na magia eram: a serpente, o escaravelho e a chama. Também a numerologia tinha sua influência na vida, segundo as crenças egípcias.

As estátuas falantes era outra crença egípcia. Acreditava-se que a alma do morto podia ser consultada através de uma estátua. Os deuses por sua vez, também se incorporavam nas estátuas e podiam, assim, ser consultadas. A mais famosa estátua falante foi a de Amom, consultada pelos faraós antes de qualquer decisão a ser tomada. (6)

Babilônia

Os princípios que regeram a formação religiosa do antigo Egito são os mesmos aplicados à explicação religiosa da Mesopotâmia, com exceção de que o rei na Mesopotâmia era apenas um escolhido dos deuses enquanto que no Egito esse rei ou faraó era a própria encarnação do deus principal. A ideologia religiosa desse povo envolvia um panteão numeroso de personalidades divinas, governado por deuses arbitrários, bons e ruins. Nesse contexto sociológico erguia-se um complexo sistema de relações, no qual incluía o culto, o exorcismo e a magia. Segundo relação encontrada na biblioteca de Assurbanipal (668-626), em Nínive, mais de 2.500 entidades eram divinizadas pelos mesopotâmicas. Marduk, deus da Babilônia, é elevado a deus principal pelo código de Hamurabi (XX a.C.). A religião de Marduk converteu-se na última das grandes sínteses das correntes espirituais mesopotâmicas. Nesse sentido o sincretismo ganhou importância. A figura de Marduk (Baal ou Bel) tinha dois rostos, correspondendo à sua dupla personalidade, como filho do sol e deus da magia, filho das águas profundas.

Para eles à hora da morte era uma decisão dos deuses. O mundo dos mortos consistia num universo de sombras e trevas que se esvaíam, como uma prisão sem saída.A primeira forma do culto consistia na oração e na liturgia de atendimento aos deuses. Estes como os mortais, deviam comer e beber, dormir e amar. Oferendas diárias deveriam ser oferecidas aos deuses, suas imagens expostas como forma de proteção, seus símbolos usados como sinal de bom agouro.

As rezas e preces, por vezes cantada em coro, expressava a admiração dos celebrantes, exaltava o poder da divindade e suplicava por sua intervenção.

A prática da consulta aos horóscopos é de origem caldaica (6), mas se tornou popular em toda a Mesopotâmia. O horóscopo, sistema que relaciona datas e lugares geográficos à posição dos astros, passou a ser usado para previsões do futuro.

Os babilônicos acreditavam que todo o mal, físico ou psíquico, ligava-se ao pecado ou ocorria por ação de demônios, instigados por feiticeiros.

A prática de exorcismo era uma atividade mágica na religião mesopotâmica. Rezas, penitências, ritos especiais e outras práticas orientadas por sacerdotes eram feitas com o intuito de afastar as forças maléficas e abolir as causas do mal. (5 – adaptado).

Fenômenos e práticas do ocultismo nos dias de hoje


Existem dezenas de práticas e fenômenos ocultistas em nossos dias. Espiritismo, (mediunidade, clarividência, clariaudiência, operações psíquicas), satanismo (magia branca e magia negra, pactos satânicos), adivinhação (do latim ‘divus’, pertencente a deus, significando que a informação recebida provém de deuses e as práticas como cartomancia, quiromancia, pêndulos, mandala, hidroscopia, búzios, tarô, runas, numerologia, bolas de cristal são algumas dessas práticas); Poderes Extra-Sensoriais como: premonição, psicometria, telepatia, levitação; muitos casos de medicina holística (casos de terapia com Florais, aromaterapia, cromoterapia, Reiki, Controle mental, fitoterapia, ioga, cristalterapia, meditação transcendental), talismãs (magia que encanta), amuletos (anéis, figas, patuás, trevo de quatro folhas), ufologia, gnomos, duendes, xamanismo, anjos cabalísticos, fantasmas, benzimentos etc.


Seitas ocultistas


Ao nos referirmos ao ocultismo não estamos tratando de um sistema religioso ou uma organização homogênea. Determinado grupo ou seita pode conter dentro do seu escopo doutrinário ou regras de fé práticas e ensinos extraídos do ocultismo. Existem vários grupos que praticam, explicitamente ou implicitamente, o ocultismo.

Podemos também afirmar que o movimento Nova Era é a veia por onde corre e se desenvolve todo tipo de Ocultismo, um sistema estriba-se no outro e através desse sistema se interligam várias seitas. Indicamos algumas: Ordem Rosa Cruz, Maçonaria, Ciência Cristã, Igreja Universal e Triunfante (de Elizabeth Clare Prphet), Mormonismo (com o Anjo Moroni), Igreja da Unificação (rev. Moon), Igreja Seicho-No-Ie, Igreja Messiânica Mundial, Teosofia, Antroposofia, Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, seitas afro-brasileiras (Umbanda, Quimbanda, Candomblé, Vodu), seitas espíritas (Kardecismo, LBV, Racionalismo Cristão, Cultura Racional).

Praticantes do ocultismo


Os que se envolvem em tais práticas são adjetivados como: sensitivos, videntes, parapsicólogos, gurus, mestres, babalorixás, ialorixás, benzedeiras, satanistas, médiuns, canalizadores, bruxas. Dentro do ocultismo a pessoa se sente poderosa, dominadora. Ultimamente se tem destacado muito a figura das bruxas. O perfil da bruxa moderna é bastante diferente da imagem que as pessoas costumam ver em histórias de quadrinho com nariz curvo, rosto enrugado, roupa preta e chapéu preto, montada numa vassoura. Hoje elas são elegantes, belas, bem vestidas, atendem em seus apartamentos, cercadas de toda a tecnologia, como computador e telefone celular etc. Fazem cursos que demoram até sete anos. Aconselham geralmente acerca da vida sentimental, profissional e financeira das pessoas que as procuram. (3)

Ao contrário do que muitos intelectuais esperavam, a superstição não findou com o avanço da tecnologia nem com o avanço das ciências físicas. Muitos achavam que o homem moderno não mais difundiria estórias como as da cegonha, fadas etc; que aposentaria suas patas de coelho, figas, fitas vermelhas, ferraduras, arrudas ou as imagens de Buda; que o mês de agosto deixaria de ser azarado; criam que até o temido “mau-olhado” ficaria cego. Contudo, para a decepção geral desses otimistas tem ocorrido o inverso. Milhares de pessoas “intelectualizadas” se envolvem com alguma forma de superstição.

O que diz a teologia cristã sobre o ocultismo

Na Bíblia encontramos cinco categorias de ocultismo, como seja: 1) – Astrologia, o qual afirma que o movimento dos astros determina os acontecimentos bem como o caráter dos homens; 2) – A Magia, a qual confere poder a algum objeto ou pessoa, quer para o bem, quer para o mal; 3) – A Feitiçaria, referindo-se a certas pessoas com poderes não explicáveis pelos sentidos; 4) – A Mediunidade ou Necromancia, que seria a prática da comunicação com os mortos. 5) – A Reencarnação ou à volta a vida em outro corpo. (6)

Refutando esses pontos:

1) – Guarda-te de levantares os olhos para os céus e, vendo o sol, a lua e as estrelas, a saber, todo o exército do céu, não sejas seduzidos a inclinar-te perante eles, e dês culto àquelas coisas que o Senhor teu Deus reartiu a todos os povos debaixo de todos os céus. (Dt. 4:19).

A consulta aos astros é uma pratica ocultista pagã e idolatra. Quando um indivíduo abre um jornal ou revista e procurar se instruir através do horóscopo, essa pessoa está desobedecendo a Deus e praticando o Ocultismo.

2) – “Quando, pois, vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?” (Is. 8:19).

Há várias maneiras pelas quais o ocultismo pratica a adivinhação. Podemos citar o pêndulo, telepatia (comunicação através do pensamento), bola de cristal, tarô… e outras, como formas de instrumentos de adivinhação.

3) – “Entre ti não se achará… nem feiticeiro” (Dt. 18:10).

Tanto o Velho como no Novo Testamento fazem repetidas referências à prática de feitiçaria e da magia, e sempre que são mencionadas são condenadas por Deus. Cf. Ex. 22:18, Lv. 19:26, Dt. 12:31, I Sm. 15:23, Is. 19:3, Jr. 27:9,10, At. 13:6-10, Ap. 21:8.

4) – “Não se achará no meio de ti quem […] consulte os mortos; pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor, e é por causa destas abominações que o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti” (Dt. 18:10-12).

A primeira incidência bíblica do ocultismo mediúnico foi registrada em Gênesis três. Lá no jardim do Éden, o diabo usou a serpente como um ‘canal’ para enganar Eva (Gn. 3:1-15; 2 Cor. 11:3; Ap. 12:9). Através da mediunidade, o diabo levou e tem levado o homem a duvidar de Deus, com graves consequências espirituais! Significativamente, há razões para crê que a realidade básica da mediunidade sugerida aqui não mudou no que se refere: à origem (o poder maligno); ao seu resultado (ilusão espiritual que destrói a confiança em Deus); e as suas consequências (juízo divino, Dt. 18:9-13). (7) “Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios” (I Tm. 4:1). Deve ser por isso que em todas as formas de ocultismo encontramos a figura do médium, avatar ou líder iluminado tendo revelações surpreendentes e com novos ensinamentos transmitidos pelos supostos espíritos de luz.

5 – “E, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo” (Hb. 9:27).

Praticamente, todas as religiões que derivam do ocultismo ensinam alguma forma de reencarnação, ou seja, que a alma, depois da morte do corpo físico, não entra num estado final, mas volta ao ciclo dos renascimentos.

Conclusão


O Ocultismo, por estar muito divulgado no mundo hoje, mostrando que já não é tão oculto assim, atinge todas as camadas da sociedade e afronta até mesmo o cristianismo. Muitos pensam que muitas das práticas ocultistas citadas nesse estudo não são tão maléficas e podem ser encaradas como algo secular em nosso dia-a-dia, se der certo bem, se não, que mal há? É verdade que na bíblia encontramos alguns sinais miraculosos que foram dados aos servos de Deus, como, por exemplo: a sarça ardente, a coluna de nuvem e a de fogo, Josué e o sol, os magos e as estrelas… Mas é bom notar que todos esses sinais foram dados da parte e da vontade de Deus e não buscados através da especulação dos homens.Quem confia em Deus não precisa de artes mágicas, agouros, comunicação com os mortos, feitiços… pois sabe que a vitória que vence o mundo é a fé em Jesus Cristo e nada mais (I Jo. 5:4).

Quando Deus declara que abomina as práticas ocultistas (Dt 18.12), muitas pessoas tendem a não levar a sério esse alerta bíblico. As consequências do envolvimento com o ocultismo podem ser: intranquilidade, angústias, melancolia, inclinação para o suicídio, sexualidade exagerada com inclinações para práticas de sexo pervertido, raiva incontida, avareza, pavorosas tensões íntimas, pesadelos, depressões, pensamentos terríveis, blasfêmias, aversão à Palavra de Deus, alucinações visuais e auditivas, psicose mística.

Por isso, liberte-se de tudo aquilo que é oculto a Palavra de Deus e saiba que o amor de Deus lhe guardará protegido de todo o mal – “Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8:38, 39).


Bibliografia

1 – Mcdowell & Stewart; “Entendendo o Oculto”; Editora Candeia; São Paulo; 1996.

2 – Mather & Nichols; “Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo”; Editora Vida, São Paulo, 2000.

3 – Revista Defesa da Fé, Matéria do Pastor Natanael Rinaldi;

4 – Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

5 – J. Cabral; “Religiões, Seitas e Heresias”; Coleção Reino de Deus; 1986; Rio de Janeiro.

6 – T. G. Leite Filho; “Ciência, Magia ou Superstições”; Editora Vida, 1987, São Paulo.

7 – Ankerberg & Weldon; “Fatos Sobre Os Espíritos Guias”; Editora Chamada da Meia Noite; 1996; Porto Alegre – RS.

8 – G. Sautter; “New Age”; Editora Esperança; 1993, São Paulo.

Dicionário Aurélio Século XXI em CD Rom.


sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Bruxaria

A frequente presença do fenômeno milenar da bruxaria em culturas distantes de seu substrato atesta a perpetuação de certas modalidades de funcionamento do espírito humano. No entanto, inúmeros trabalhos etnológicos ou históricos não lograram ainda dirimir todos os problemas ligados a sua definição ou explicação.
Bruxaria consiste no exercício, com intenção maligna, de pretensos poderes sobrenaturais por meio de ritos mágicos e com o fim de causar malefício a certas pessoas ou a seus bens, assim como benefícios diretos ou indiretos a seus praticantes. O fenômeno existe desde os tempos pré-históricos e faz parte dos procedimentos de numerosas crenças animistas. Aparece já em Homero e na própria mitologia grega, em que a feiticeira Medéia ocupa lugar de destaque no ciclo dos argonautas. Na literatura latina, o tema despertou o interesse de vários autores, especialmente Apuleio, Petrônio e Horácio.
No universo judeu-cristão, a presença das bruxas verifica-se desde o Velho Testamento. Em um momento crucial de sua vida, Saul consultou a feiticeira de Endor, embora pela lei de Moisés a bruxaria fosse punida com a morte. No cristianismo primitivo, conhecia-se a prática de ritos mágicos, mas os apóstolos consideravam-na fruto de ardis do demônio, pois entendiam que somente Deus dispunha de poderes sobrenaturais.
História da Bruxaria
A bruxaria ressurgiu e intensificou-se na Europa do século X ao XII, quando as heresias dos cátaros trouxeram de volta a crença na influência do demônio, o que favoreceu a interpretação de que a bruxaria era produto do contato com suas forças. Realizaram-se nesse período vários processos contra bruxas, promovidos pelo poder civil. Entretanto, a questão só assumiu aspectos dramáticos a partir do século XIV, quando a igreja implantou os tribunais da Inquisição Católica para reprimir tanto a disseminação das seitas heréticas como a prática de magia e outros comportamentos considerados pecaminosos. Ao dar especial relevo ao problema, a perseguição contribuiu para que ele adquirisse ainda maiores proporções. Nessa época, o fenômeno frequentemente se caracterizou como manifestação coletiva, de grandes dimensões e profunda repercussão na vida religiosa, no direito penal, nas artes e na literatura.
Daí em diante, à medida que proliferaram os tribunais da Inquisição, os processos aumentaram rapidamente. A acusação sistemática só se verificou na época que é considerada a última fase da Idade Média, o fim do século XV, principalmente após a bula Summis desiderantes affectibus (1484), do papa Inocêncio VIII, e da obra Malleus maleficarum (1487; Martelo das feiticeiras), dos dominicanos Heinrich Kraemer e Johann Sprenger, em que se firmaram as normas do processo inquisitorial contra a feitiçaria.
A época da verdadeira epidemia de bruxas e teóricos do assunto é a dos séculos XVI e XVII, no contexto da Reforma e da Contra-Reforma. Ainda que, como nos outros casos, implicasse a prática da magia, incluía quase sempre a invocação do demônio e a mobilização de seus poderes, o que a associava à concepção do mal na teologia cristã e a tornava um desafio à moralidade religiosa. Apareceram então os grandes sistematizadores da demonologia — Jean Bodin, autor de De la démonomanie des sorciers (1580; Da demonomania dos feiticeiros), e o jesuíta Martinus Antonius Delrio, autor de Disquisitionum magicarum libri VI (1599; Seis livros de pesquisas sobre magia). Nessa fase, a bruxaria tornou-se tema freqüente na literatura e nas artes plásticas: sobressaíram, por exemplo, Macbeth, uma das mais célebres tragédias de Shakespeare, e as gravuras de Baldung Grien e Jacques Callot.
A perseguição às bruxas foi metódica e violenta no norte da França, no sul e oeste da Alemanha e muito especialmente na Inglaterra e na Escócia, onde houve o maior número de vítimas. Os colonizadores ingleses levaram esse procedimento para a América do Norte, onde, em 1692, ocorreu o famoso processo contra as bruxas de Salem, em Massachusetts.
Em geral, acusava-se de bruxaria mulheres velhas, mas com menor frequência também jovens e, excepcionalmente, homens. As acusações registradas contra essas pessoas referiam-se a toda espécie de malefícios contra a vida, a saúde e a propriedade: aborto das mulheres, impotência dos homens, doenças humanas ou do gado, catástrofes e temporais. As bruxas eram também denunciadas por pactos com o diabo. Montadas em vassouras, voariam pelos ares e se reuniriam em lugares ermos para celebrar o sabá e entregar-se a orgias. Como cultuariam Satanás, considerava-se que este lhes aparecia como monstro cornudo e sequioso de sacrifícios.
O racionalismo e o espírito científico, que caracterizaram o Iluminismo do fim do século XVII e do século XVIII, contribuíram para o fim desses processos e para que não mais se admitisse perseguição judiciária em casos de superstições populares. O último processo na Inglaterra ocorreu em 1712, e a última fogueira de bruxas na Europa foi acesa em 1782, no cantão suíço de Glarus.
Teorias antropológicas.
O fenômeno histórico da bruxaria suscitou numerosos estudos antropológicos, para os quais a intolerância das autoridades eclesiásticas, tanto católicas como protestantes, não seria razão suficiente para explicar o fenômeno de psicopatologia coletiva que representou a crença na bruxaria. Muitos chegaram a acreditar na ocorrência de uma alucinação mediante a qual, contaminadas pela crença geral, muitas mulheres teriam admitido participar de práticas que nunca realmente exerceram.
Outra corrente interpreta a crença nas bruxas como resquício de antigas religiões autóctones europeias, nunca inteiramente desarraigadas pela cristianização, que depois se teria mesclado com doutrinas cristãs sobre o diabo. Uma referência seriam as valquírias da mitologia germânica, que, como as bruxas, voavam pelos ares.
No século XX, essa teoria aperfeiçoou-se nas teses da antropóloga inglesa Margaret Murray, para quem a bruxaria seria resíduo de uma religião pré-histórica, um culto da fertilidade que sobreviveu à cristianização, sobretudo no meio rural e nas populações descendentes de raças submetidas, como os celtas, o que explica a forte divulgação do culto nas ilhas britânicas. O culto teria sido ressuscitado sobretudo em tempos de enfraquecimento da igreja, como aconteceu no período da Reforma, nos séculos XVI e XVII. A teoria de Murray, em seus aspectos principais, é rejeitada hoje pela maior parte dos pesquisadores, que a consideram infundada.
Outro britânico, Hugh R. Trevor-Roper, acentuou que, embora realmente a bruxaria tivesse um substrato folclórico, foi a igreja medieval que o sistematizou e o codificou com o fim de reprimir a heresia e exercer coação sobre os desvios doutrinários, criando com isso um autêntico tratado de demonologia.
Essa mescla de ritos arcaicos, superstições, convulsões políticas e perseguições oficiais, que precisavam de bodes expiatórios, fomentou as alucinações de membros de grupos sociais marginalizados — talvez com manifestações paranormais — e a imaginação coletiva. Pelo menos na história da Europa, a bruxaria seria basicamente um significativo reflexo das tensões sociais acumuladas nos séculos que antecederam a modernidade. No interior da Inglaterra e de muitos outros países, porém, a crença na bruxaria, sua prática e numerosos ritos de magia persistem até hoje.
Fonte Bibliográfica de pesquisa: Barsa.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O Carma na cosmovisão Kardecista.



Paralelamente à doutrina da reencarnação segue-se a doutrina do carma que, nas palavras de Kardec, explica essa doutrina dizendo que toda a falta cometida, todo o mal praticado, é uma dívida contraída que deverá ser paga pelo próprio homem através do arrependimento, expiação (que é o sofrimento) e reparação (que são as boas obras). Assim, as condições para alguém se tornar um espírito puro são três:

Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências (“O Céu e o Inferno”, p. 747. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

1. Arrependimento

Quanto ao arrependimento, a Bíblia afirma que o ladrão na cruz se arrependeu e ouviu de Jesus a promessa de que naquele mesmo dia estaria com Ele no paraíso: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23.42-43). Jesus, por sua vez, estabeleceu: se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis (Lc 13.3).

2. Expiação

Então, segundo Kardec, esta vida é uma expiação. O que sofremos é justo; foi merecido por nós, ainda que seja noutras encarnações. Muito bem. Então, quando um homem mau persegue o seu semelhante; quando alguém furta; quando o capanga mata; é sempre instrumento de justiça divina. Deus não pode deixar exceder o que a pessoa mereceu; pois que, se o sofrimento passasse o mal cometido, Deus seria injusto; faria diferença entre as suas criaturas inteligentes. Segue-se que, se matarmos, se torturarmos ao próximo, não fazemos nada de mal. É apenas o que ele mereceu noutras encarnações! Sim, pelos dizeres dos espíritas, Deus não pode permitir a injustiça; Deus não pode permitir a desigualdade do mundo. Se o permite, é porque foi merecida. E daí? Daí que resulta que não há mal nenhum em matar; que é uma boa obra o furtar; que há merecimento em martirizar os outros… e não é só isso: deduz-se que se está fazendo um bem quando todo mundo pensa que se está a fazer mal aos outros.

Quando um amigo atraiçoa outro, rouba-o, deixa-o na miséria – devia ser abraçado por este com lágrimas de gratidão. Não lhe podia fazer um bem maior.

E depois, ele já tinha mesmo de passar por essa… Estava escrito… Ele o tinha merecido na encarnação anterior. Logo, espíritas, pelas suas doutrinas, podemos e devemos praticar o mal. Quanto mais mal fizermos aos outros, maior será o benefício que eles recebem. Quanto mais pagar das suas culpas, tanto mais nos agradecerá.

Pela doutrina bíblica, fazendo mal aos outros, expomo-nos a fazer sofrer um inocente. Pela doutrina espírita, só fazemos sofrer a quem mereceu.

3. Reparação

Quanto a esta última, o espiritismo adotou o slogan: Fora da Caridade não há Salvação.

Meus filhos, na máxima, Fora da Caridade Não Há Salvação, estão contidos os destinos dos homens na terra como nos céus (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, p. 631, Ibidem).

Muitos querem identificar a caridade cristã com a filantropia. Na realidade são duas coisas distintas. Em 1 Coríntios, 13.3, Paulo afirma que alguém pode dar seu corpo para ser queimado e todos os seus bens aos pobres e ainda não ter caridade. Se não é caridade cristã, então o que é? Seria, a verdadeira filantropia. Filantropia e caridade podem apresentar um aspecto externo exatamente igual e, no entanto, haver diferença fundamental entre ambas. Dizemos, à luz da Bíblia, que a razão da nossa existência consiste em glorificarmos a Deus: Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus (Mt 5.16). Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas (Ap 4.11). Logo, o primeiro mandamento, em importância, é o amar a Deus sobre todas as coisas (Mt 22.37-39). E afirmamos que existe uma conexão entre a caridade cristã e o amor a Deus. Os dois chegam mesmo a identificar-se, pois em Mateus 25.40 Jesus declara: E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizeste a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Aí está a significação da caridade. O cristão ama a Deus no próximo. Foi assim que se deu com Zaqueu (Lc 19.1-10). Ao receber Jesus em casa, logo nasceu a preocupação pelos menos favorecidos e se pronunciou espontaneamente: E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado (Lc 19.8).

As boas obras nunca salvaram e nunca ajudaram a salvar. Paulo afirma em Efésios 2.8-10: Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua; criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Somos criados para as boas obras e não pelas obras e é por meio da fé que somos salvos. As boas obras são o resultado da nossa fé em Cristo. Paulo, em 2 Coríntios 5.17, declara que nos tornamos novas criaturas, abandonando as práticas más e nos voltamos para a prática do bem, desde que estejamos em Cristo Jesus. Logo, as boas obras devem ser apenas a manifestação externa do interno amor que temos a Deus.

4. Perguntas que fazem os espíritas:

Por que uns nascem com saúde e outros doentes e aleijados?

a) Pai sifilítico gera filho sifilítico. A TV apresentou uma reportagem a respeito de oito mil crianças nascidas aleijadas e defeituosas, porque suas mães em estado de gravidez tomaram o famoso psicotrópico Talidomida. Este é o fato inconcusso absoluto. O resto não passa de pura fantasia dos adeptos da reencarnação.

b) Por que alguns nascem ricos e outros na mais extrema miséria?

Dizem os reencarnacionistas que os ricos são espíritos adiantados e os pobres, espíritos atrasados.

Ora, se assim fosse, Cristo deveria ser um espírito muito atrasado, pois morreu pobre, crucificado entre dois ladrões e miseravelmente caluniado.

Pelo que sofreu deveria ter cometido hediondos crimes na vida passada. Ocorre que Kardec ensina que a pessoa não tem lembrança alguma dos fatos da vida anterior.

Castigar sem que o réu saiba por que parece brutalidade e não satisfaz nem o nosso próprio sentimento de justiça humana, quanto mais o da justiça divina. Um Hitler fica livre de seus crimes, porque uma menina nascida no Brasil é a reencarnação de Hitler e vai sofrer no lugar dele. Mesmo sem saber porque está acometida de uma doença grave, por exemplo, leucemia. Morre sem saber dos seus crimes numa existência anterior quando vivia como Hitler.

É lógico? Kardec afirma mais que: a reencarnação se enquadra melhor com a justiça ao dizer que é única que corresponde à idéia da justiça de Deus… (“O Livro dos Espíritos”, p. 84. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

c) Qual o estado da alma, originalmente?

São criadas simples e ignorantes as almas, quer dizer, sem cultura e sem reconhecerem o bem e o mal (“O Livro dos Espíritos”, p. 324. editora Opus Ltda; 2a edição especial, 1985).

Façamos então uma comparação entre os homens e os animais. Afirma Kardec que os animais tiraram o seu princípio inteligente do elemento universal inteligente, igualmente como o que aconteceu com o homem. Posto isto, os animais possuem uma inteligência que lhes faculta certa liberdade de ação, inclusive passando pela erraticidade como o homem, sujeito a uma lei progressiva. Mas, por fim, fica o animal no mesmo nível de que o homem, admitindo-se o princípio de justiça de que cada qual faz por merecer? Não! Os homens sempre se colocam num nível superior aos olhos dos animais, para quem os homens são deuses, permanecendo assim os animais num estado de inferioridade. Logo, Deus criou seres intelectuais perpetuamente destinados à inferioridade, que, parece, contraria o princípio de justiça divina a que se refere Allan Kardec para justificar a reencarnação.

De onde tiram os animais o princípio que constitui a espécie particular de alma de que são dotados?

Do elemento inteligente universal.

Tendo os animais uma inteligência que lhes dá certa liberdade de ação, haverá neles algum princípio independente da matéria?

Sim, e que sobrevive ao corpo.

Sobrevivendo à morte do corpo, a alma o animal fica errante, como a do homem?

Há uma como erraticidade, e vez que não se acha unida a um corpo…

Os animais estão sujeitos, como o homem a uma lei progressiva?

Sim, e daí vem que nos mundos superiores, onde os homens são mais adiantados, os animais também o são, dispondo de meios mais amplos de comunicação. São sempre, porém, inferiores ao homem e se lhe acham submetidos, tendo neles o homem servidores inteligentes

(O Livro dos Espíritos, p. 167, Editora Opus Ltda., 2º edição especial, 1985).

Por que é que uns nascem inteligentes e outros medíocres?

Como acontece com os animais, os vegetais e também a parte somática do indivíduo em que não há nada absolutamente igual, assim também acontece com a inteligência do homem. Já viram porventura uma impressão digital igual à outra? De maneira nenhuma. Assim também acontece com a inteligência, faculdade da alma. Temos ainda a palavra de um médium espírita:

Anatole Barthe refuta assim as desigualdades humanas: Para desenvolver as desigualdades humanas os espíritas ensinam a reencarnação. Não sabem estes que não há dois seres, duas coisas perfeitamente iguais na natureza e que nem no imenso espaço nem tampouco ao longo do tempo podem ser encontradas? Não é precisamente na diversidade que nasce a harmonia do universo? (“Le Livre des Espirits, Recueli de Comunications Obenues par Divers Médiuns”, Paris, 1863 p. 21).

e) Regressão de idade prova a reencarnação?

Absolutamente não. Já se acha comprovado pela hipnologia: quando o hipnotizado é reencarnacionista, revela reencarnação, entretanto quando não é, nega-a. De forma que a regressão de idade para provar ou negar a palingenesia depende da opinião do hipnotizado.

Experiências Inversas – Podemos também fazer experiências de progressão de memória sugerindo que o hipnotizado tenha envelhecido, situação irreal, que se comporta como autêntico ancião. Conclui-se daí que em ambos os casos as situações são puramente imaginárias, sugeridas tanto pelo consciente como pelo hipnotizado.

f) O problema populacional:

Sabemos que a população do mundo aumenta assustadoramente, ultrapassando hoje os seis bilhões de habitantes. Sabemos também que há poucos anos eram três bilhões. No Brasil, por exemplo, em 1935, havia mais ou menos 34 milhões de pessoas; em 2001 somos mais de 160 milhões. Portanto, se a pessoa morre e se reencarna, não pode absolutamente aumentar a população. De onde, então, vêm tantos espíritos? Allan Kardec ensina que o homem vem do macaco, evoluindo. Será por isso que os macacos estão em extinção?

Extraído da Editora ICP em 10/08/2013